Geadas em regiões produtoras de café no Brasil elevam preços na bolsa de Nova York

A formação de geadas em importantes áreas produtoras de café arábica no Brasil impulsionou os preços futuros da commodity na bolsa de Nova York, encerrando o pregão de ontem com forte alta. O Brasil, como maior produtor mundial de arábica, viu os mercados reagirem com preocupação ao risco de danos nas lavouras, o que fez os contratos com vencimento em dezembro, os mais negociados atualmente, subirem 3,60%, para US$ 2,3855 por libra-peso.

As baixas temperaturas registradas entre a madrugada de domingo e segunda-feira afetaram regiões cafeeiras cruciais, segundo relatos de produtores. Geadas foram confirmadas no Cerrado Mineiro e na Alta Mogiana paulista, com áreas como Pedregulho (SP) sendo atingidas. Marco Pagliaroni, um produtor local, relatou que cerca de 50 hectares de café foram danificados, com queima das folhagens, o que pode resultar na morte das plantas e perdas significativas na safra de 2025/26.

“Esses hectares já haviam sido afetados por geadas anteriores e estavam em recuperação. Agora, estamos repensando se vale a pena continuar plantando café nessa área”, afirmou Pagliaroni.

Vicente Zotti, analista de mercado da Pine Agronegócios, destacou que as geadas dos últimos dias atingiram principalmente áreas de baixada, mais vulneráveis ao fenômeno climático. Embora a extensão total dos danos não seja grande, para os produtores afetados, o impacto é significativo. Zotti também lembrou que a última vez que geadas tão severas atingiram os cafezais em agosto foi em 1978, quando o fenômeno ficou conhecido como ‘geada negra’, devastando plantações no Paraná.

Juliano Tarabal, diretor executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, confirmou geadas pontuais em áreas baixas do Cerrado Mineiro, mas minimizou a gravidade, afirmando que os casos foram isolados. Ele ressaltou, no entanto, que o impacto total ainda não pode ser avaliado, especialmente no que diz respeito à formação dos botões florais das plantas.

A empresa Rural Clima alertou para a possibilidade de novas geadas nas regiões cafeeiras do sul de Minas Gerais e de São Paulo, apontando que o clima favorável à formação de geadas pode se intensificar. Técnicos da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé) estão avaliando possíveis perdas, mas, até o momento, não há indícios de danos graves.

Vicente Zotti observou que, embora as previsões de frio estejam impulsionando os preços do café em Nova York, se as geadas não se confirmarem, o mercado pode reverter a alta. "Se não houver novas geadas até sexta-feira, podemos ver uma correção nos preços na bolsa", concluiu.