O dólar fechou a quarta-feira (27) com uma alta de 1,80%, sendo cotado a R$ 5,9124, o maior valor nominal já registrado na história. Durante o dia, a moeda norte-americana alcançou a máxima de R$ 5,9288, superando o recorde anterior de maio de 2020, quando o câmbio foi impactado pela pandemia de Covid-19. O aumento repentino foi atribuído ao anúncio de que, a partir de 2026, pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês estarão isentas do Imposto de Renda (IR), uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A notícia, ainda não oficializada, trouxe inquietação ao mercado financeiro, que aguardava medidas concretas para o corte de gastos públicos, essenciais para alcançar o “déficit zero” em 2024. A ampliação da faixa de isenção do IR representaria uma renúncia fiscal significativa, o que gerou dúvidas sobre a viabilidade do arcabouço fiscal do governo no médio e longo prazo. Atualmente, contribuintes com rendimentos mensais de até R$ 2.259,20 estão isentos do imposto.
Além do impacto no câmbio, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, registrou queda de 1,73%, encerrando o dia aos 127.669 pontos. O desempenho negativo do mercado reflete as preocupações com a ausência de medidas fiscais consistentes, que continuam sendo adiadas desde o fim das eleições municipais.
A desvalorização do real tem se intensificado nas últimas semanas, à medida que a falta de cortes relevantes nos gastos públicos coloca em dúvida a capacidade do país de honrar suas obrigações financeiras. A reação do mercado reflete a incerteza sobre a sustentabilidade fiscal do governo, com investidores temendo que o aumento das despesas sem contrapartidas fiscais impacte negativamente a economia do país.