Nesta quarta-feira (2), o ex-presidente e atual candidato Donald Trump anunciou que os Estados Unidos passarão a cobrar uma tarifa mínima de 10% sobre produtos importados do Brasil a partir do próximo sábado (5). A decisão faz parte de um pacote de medidas comerciais adotadas pelo governo norte-americano, que visa aumentar a competitividade da indústria local e responder a tarifas aplicadas por outros países.
A medida afeta diretamente o agronegócio brasileiro, que tem os EUA como um de seus principais mercados. Entre os produtos mais exportados pelo Brasil para os americanos estão café, carnes, sucos – especialmente o de laranja – e derivados da cana, como açúcar e etanol.
O café é um dos produtos mais afetados pelo novo imposto. O Brasil é o maior fornecedor do grão para os Estados Unidos, que representam o principal destino das exportações brasileiras no setor. Em 2024, as vendas de café brasileiro para os EUA somaram US$ 2 bilhões, ficando atrás apenas dos produtos florestais, como madeiras.
Atualmente, o café brasileiro não torrado, não descafeinado e em grão já está sujeito a uma tarifa de 9% nos EUA. Com a nova determinação, a taxa deve aumentar ainda mais, o que pode impactar o mercado e tornar o produto menos competitivo no país.
Além do café, outros produtos do agronegócio também estão sujeitos a impostos nos EUA:
Carnes bovinas desossadas e congeladas: 10,8%
Etanol: 2,5%
Os sucos, especialmente o de laranja, também têm grande participação nas exportações brasileiras para os EUA e podem sofrer impactos com as novas tarifas.
Diante da decisão de Trump, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) afirmou que ainda não irá se manifestar oficialmente. A entidade segue em contato com a Associação Nacional do Café dos Estados Unidos (NCA) para avaliar possíveis impactos da nova tarifação sobre o mercado.
Pavel Cardoso, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), destacou que o aumento das tarifas não afeta apenas o Brasil. Segundo ele, a Colômbia, outro grande exportador do grão, também foi tarifada em 10%. Já o Vietnã, maior concorrente do Brasil no setor, recebeu uma taxa ainda mais elevada, de 46%.
"Nosso impacto ainda está sendo avaliado, mas é importante notar que a exportação de café torrado e moído representa uma parcela menor do volume total. O grande destaque continua sendo o grão verde", explicou Cardoso.
A Casa Branca justificou a decisão alegando que as novas tarifas são uma resposta às políticas comerciais de outros países. No documento oficial assinado por Trump, o Brasil foi citado por sua taxação sobre o etanol norte-americano.
De acordo com o texto, o Brasil aplica uma tarifa de 18% sobre o etanol importado, enquanto os Estados Unidos cobram apenas 2,5%. O governo norte-americano argumenta que a imposição de novas tarifas seria uma forma de equilibrar as condições de comércio entre os países.
Com as novas tarifas entrando em vigor já neste fim de semana, especialistas avaliam que o impacto sobre o agronegócio brasileiro pode ser significativo. O setor cafeeiro, em especial, segue monitorando a situação para entender as possíveis consequências para os exportadores nacionais.
Enquanto isso, a decisão pode gerar novas tensões comerciais entre os países e levar o governo brasileiro a estudar medidas de resposta ao tarifaço imposto por Trump. Com informações G1.