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Brasil pode lucrar com guerra comercial entre China e EUA: Soja, milho e carne na mira chinesa


Especialistas veem chance de crescimento nas exportações brasileiras após retaliação chinesa a produtos dos EUA.
Carne bovina brasileira está no radar chinês em meio à disputa comercial com os EUA.— Foto: RPC Por: Editorial | 05/04/2025 08:43

A resposta da China ao novo tarifaço dos Estados Unidos pode representar uma oportunidade estratégica para o Brasil ampliar suas exportações ao gigante asiático, segundo especialistas ouvidos pelo g1.

O ex-presidente Donald Trump impôs uma tarifa de 34% sobre produtos chineses importados pelos EUA. Em retaliação, a China decidiu aplicar a mesma alíquota sobre mercadorias americanas, o que pode torná-las menos competitivas no mercado interno chinês.

Nesse cenário, o agronegócio brasileiro surge como potencial substituto dos EUA nos setores onde os dois países concorrem diretamente: carne suína, soja e milho.

Durante o primeiro mandato de Trump, em 2018 e 2019, os EUA já haviam perdido espaço na exportação de soja para a China, e o Brasil acabou se beneficiando da lacuna deixada pelos americanos.

Carne suína deve ganhar espaço

No setor de carnes, a maior beneficiada deve ser a suína, afirma Fernando Henrique Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado. “Vamos ter que revisar para cima nossa projeção de exportação para a China”, diz.

A carne bovina, por outro lado, ainda levanta dúvidas. Isso porque, em dezembro de 2024, a China iniciou uma investigação sobre os impactos das importações de carne bovina em sua produção local. A apuração inclui todos os países exportadores, incluindo o Brasil.

“Eles prometeram conduzir uma investigação justa, mas podem impor tarifas adicionais caso concluam que as importações prejudicam o setor doméstico”, explica Iglesias. No entanto, ele pondera que a decisão chinesa deverá levar em conta a segurança alimentar da população — uma prioridade para o governo.

Para Marcos Jank, professor de agronegócio do Insper, mesmo que haja novas tarifas, é improvável que a China suspenda as compras do Brasil. “A classe média chinesa passou a consumir mais carne bovina nos últimos anos. Duvido que o país feche o mercado, pois precisa dessa carne”, analisa.

Soja: Brasil deve manter liderança

O Brasil já é o principal exportador de soja para a China, com os EUA ocupando a segunda posição. Para Ana Luiza Lodi, analista de grãos da StoneX Brasil, a tendência é de que os chineses concentrem ainda mais suas compras na soja brasileira.

Ela alerta, porém, para um possível redirecionamento no comércio global. “Outros países que hoje compram soja do Brasil podem passar a importar mais dos EUA, gerando um rearranjo no fluxo global do grão.”

Segundo Lodi, o Brasil tem maior volume de exportação no primeiro semestre, enquanto os EUA se destacam na segunda metade do ano. “Estamos em um período de exportação intensa. Precisamos observar como as tarifas podem impulsionar ainda mais essa demanda.”

Marcos Jank acredita que a soja será um dos primeiros produtos a ter as tarifas reavaliadas, dada sua importância estratégica. “A China precisa dessa soja americana, então pode buscar uma flexibilização”, afirma.

Milho: cenário menos definido

Em relação ao milho, o impacto do tarifaço é menos claro. Segundo Lodi, a China está importando menos nesta safra em comparação aos últimos quatro anos. O país é o segundo maior produtor mundial de milho, atrás apenas dos EUA — e à frente do Brasil, terceiro colocado, conforme dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

“A safra chinesa foi muito boa, reduzindo a necessidade de importações”, explica.

A Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho e Sorgo) também aponta que, para 2025, a China deve aumentar ainda mais sua produção, enquanto o Brasil enfrenta dificuldades climáticas, especialmente no Paraná e em Goiás, o que já afeta as estimativas de colheita.

Apesar disso, Jank acredita que, se a guerra comercial se prolongar, o Brasil pode conquistar espaço no mercado chinês. “Se a situação durar, o cenário pode mudar. Este ano a safra está forte, mas isso não é garantido para os próximos”, conclui. Com informações g1.




Diário do Interior MS
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