O mercado da soja encerrou a semana de olho em três fatores que seguem influenciando os preços globais: o avanço da safra norte-americana, as mudanças cambiais na Argentina e os impactos da guerra tarifária entre China e Estados Unidos.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou seu primeiro relatório da safra 2025/26, apontando que 2% da área prevista para soja já foi plantada. O ritmo está alinhado com a média histórica, mas o progresso nas próximas semanas dependerá das condições climáticas.
A Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) elevou a estimativa de exportações brasileiras de soja em abril para 14,5 milhões de toneladas — um aumento de 1,2 milhão em relação à previsão anterior. O bom desempenho logístico e a demanda externa aquecida seguem impulsionando os embarques.
O governo argentino anunciou o fim do “dólar blend” nas exportações e passou a adotar um câmbio único. A medida visa dar mais previsibilidade ao mercado e pode estimular a comercialização de soja e derivados no país, tornando os produtos argentinos mais competitivos no cenário global.
Na Bolsa de Chicago, o contrato da soja para maio/25 recuou 0,77%, fechando a US$ 10,36 por bushel. Já o contrato para março/26 subiu 0,58%, encerrando a US$ 10,45. O dólar caiu 1,02% frente ao real, encerrando a semana em R$ 5,81. No mercado físico, os preços da soja caíram em diversas regiões do Brasil, refletindo o cenário internacional.
Em março, a China importou 3,5 milhões de toneladas de soja — queda de 40% em relação a fevereiro e de 37% na comparação anual. A retração está ligada ao agravamento das disputas comerciais com os EUA, que resultaram em tarifas de até 125% sobre produtos americanos. Com isso, o Brasil pode ampliar sua fatia nas exportações para o país asiático.
Com a nova política cambial, a Argentina — maior exportador global de farelo de soja — pode pressionar os preços e os prêmios de exportação brasileiros. O setor nacional deve ficar atento à movimentação do país vizinho.
A moeda norte-americana vem recuando nos últimos dias, em meio ao otimismo com o ajuste fiscal brasileiro e um cenário internacional mais calmo. A expectativa é que o dólar permaneça próximo de R$ 5,80 nesta semana, com leve viés de queda.
Após dias de instabilidade, o mercado pode passar por maior volatilidade nesta semana. Embora haja expectativa de correções nos preços em Chicago, o cenário ainda é considerado positivo para a comercialização no curto prazo. Com informações Canal Rural.