O colapso da rede pública de saúde pediátrica em Campo Grande resultou em uma ação civil pública movida pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) após a morte de duas crianças que aguardavam vagas em UTIs. A denúncia foi feita pela 32ª Promotoria de Justiça da Saúde Pública, que alerta para a falta de estrutura hospitalar crítica na Capital, onde existem apenas 28 leitos pediátricos, sendo 23 ofertados pelo SUS e cinco na rede privada.
As mortes ocorreram em um intervalo de apenas dez dias e escancaram uma crise que coloca em risco a vida de centenas de crianças. De acordo com o MP, entre os dias 14 e 24 de abril, 555 crianças foram incluídas na fila de espera por internação. Destas, 136 esperaram mais de 24 horas e 80 permaneceram sem vaga por mais de 48 horas.
Além da escassez de leitos, a promotoria denuncia o uso de medidas improvisadas, como a ventilação manual em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e centros de saúde, onde crianças seguem internadas fora de um ambiente hospitalar adequado. A situação se agrava com o aumento na mortalidade infantil: até o dia 14 de maio, foram registradas 13 mortes de bebês com menos de um ano por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), número que já mais que dobrou os óbitos registrados em todo o ano anterior entre menores de 19 anos.
Na ação, o MP solicita que o Estado amplie em até 90 dias o número de leitos com a criação de 30 UTIs pediátricas e 30 leitos clínicos pediátricos permanentes. Também pede a contratação de vagas na rede privada e o encaminhamento de pacientes para outros estados, com transporte e hospedagem garantidos aos acompanhantes. Em caso de descumprimento, a promotoria requer multa diária de R$ 100 mil.
Segundo o MPMS, a crise não é nova. Desde 2022, hospitais como o Regional, Santa Casa e Humap relatam superlotação e pacientes sendo atendidos nos corredores. A estrutura hospitalar da Capital segue insuficiente diante da crescente demanda por atendimentos pediátricos, situação que agora exige resposta urgente das autoridades. Com informações: CampoGrandeNews.