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Brasil não tem estrutura para armazenar excedente de carne de frango durante embargo


Setor estima prejuízo de até US$ 2 bilhões caso embargos por gripe aviária durem 60 dias; consumo interno teria de crescer 5 kg per capita para evitar colapso.
Setor avícola teme colapso logístico caso as exportações permaneçam suspensas por mais de 60 dias. Por: Editorial | 21/05/2025 09:02

Com 60% da produção nacional de carne de frango concentrada na Região Sul — liderada pelo Paraná, seguido por Santa Catarina e Rio Grande do Sul —, o Brasil enfrenta um cenário preocupante diante do recente embargo de exportações, provocado pela confirmação de gripe aviária em granja comercial. Juntos, os três estados respondem por 78% dos embarques internacionais da proteína.

Antes do surto, o setor vivia o melhor quadrimestre em cinco anos: 1,731 milhão de toneladas exportadas entre janeiro e abril e uma receita de US$ 3,13 bilhões, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Os resultados representaram alta de 9% tanto em volume quanto em faturamento na comparação com o mesmo período de 2024.

Agora, a situação se inverte. Caso os embargos permaneçam por 60 dias — prazo previsto em protocolos sanitários internacionais —, o Brasil deixará de exportar cerca de 831 mil toneladas de carne de frango, o que poderia representar um prejuízo estimado entre US$ 1,5 e US$ 2 bilhões, segundo Giovani Ferreira, diretor do Canal Rural Sul.

O problema é que, desse total, cerca de metade seria destinada a países que suspenderam as compras. “Nesse cenário, não teríamos outro caminho a não ser absorver internamente esse excedente superior a 400 mil toneladas”, alerta Ferreira.

Consumo interno pressionado

Atualmente, o consumo per capita de carne de frango no Brasil é de 35 kg por ano. Para equilibrar a superoferta no mercado interno, cada brasileiro teria de consumir cerca de 5 kg extras durante os dois meses de embargo. “Isso é muito difícil de acontecer, visto que já se trata da proteína animal mais barata e a mais consumida do país”, pontua Ferreira.

Apesar da tentativa do governo de minimizar os impactos, Ferreira rebate declarações do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e afirma que haverá, sim, consequências diretas sobre os preços pagos ao produtor, margens das agroindústrias e operação de frigoríficos.

Outro ponto crítico é a capacidade de armazenamento. Segundo Ferreira, as câmaras frias do país suportariam estocar o excedente por, no máximo, 15 a 20 dias. Após esse prazo, o risco de perdas e redução forçada nos preços tende a aumentar, pressionando ainda mais o setor produtivo.

O cenário é de alerta e mobilização para evitar que o embargo temporário se transforme em uma crise prolongada, com efeitos em cadeia sobre toda a cadeia produtiva da avicultura nacional. Com informações Canal rural




Diário do Interior MS
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