Com o objetivo de transformar o cuidado em saúde pública em Angola, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), vinculado à Rede Ebserh, recebeu três profissionais angolanos para início de formação nas áreas de Enfermagem Obstétrica e Medicina Intensiva. A iniciativa faz parte do Programa de Formação de Recursos Humanos em Saúde Brasil-Angola, que promove capacitações de profissionais africanos em instituições brasileiras.
Do grupo já integrado ao hospital sul-mato-grossense, dois são médicos, que realizarão formação prática em Terapia Intensiva, e uma é enfermeira, que atuará na Enfermagem Obstétrica. A chegada de mais dois profissionais está prevista para os próximos meses: uma enfermeira e um farmacêutico, que participarão de capacitações em Enfermagem Obstétrica e Farmácia Clínica, respectivamente.
Para o chefe do Setor de Gestão do Ensino do HU-UFGD, Wesley Eduardo Ferreira, a iniciativa representa um marco de internacionalização na formação em saúde. “Colocamos o HU-UFGD como referência nesse processo, enriquecendo não só a formação dos profissionais angolanos, mas também a experiência da nossa equipe. É uma troca que amplia horizontes e fortalece o cuidado em saúde com base em práticas de excelência”, afirmou.
Ferreira também lembrou que, em 2024, o hospital recebeu 13 profissionais angolanos e, este ano, foi homenageado pelo Ministério da Saúde de Angola com uma menção honrosa. “Foi um reconhecimento que nos emocionou e validou o compromisso da nossa equipe com um ensino humanizado, qualificado e voltado à integração entre os países.”
O gerente de Ensino e Pesquisa do HU-UFGD e professor da UFGD, Thiago Pauluzi Justino, destacou que a vivência dos fellows angolanos enriquece não apenas o aprendizado técnico, mas também a dimensão cultural dos profissionais envolvidos. “Toda cultura é espelho e janela. Este projeto vai além da capacitação técnica: é um exercício de integração e empatia, que humaniza ainda mais a prática do cuidado.”
Thiago ressaltou que os desafios de saúde enfrentados por Angola e Brasil são semelhantes, o que favorece a troca de experiências. “Ambos lidam com doenças infecciosas como HIV, tuberculose, dengue e malária. Além disso, temos fortes conexões culturais, como o idioma, a música e a paixão pelo futebol. Esses elementos aproximam os profissionais e fortalecem a formação.”
Ele contou, inclusive, que há ações de integração entre os fellows e os profissionais do hospital, como partidas de futebol realizadas em clima de confraternização. “Nosso objetivo é manter um ambiente acolhedor, onde a diversidade é valorizada e o aprendizado é mútuo.”
Coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação Internacional (ABC), do Ministério das Relações Exteriores, o Programa de Formação de Recursos Humanos em Saúde Brasil-Angola pretende capacitar cerca de 38 mil profissionais angolanos em cinco anos, com início em 2024. A ação envolve hospitais da Rede Ebserh em todo o país, com o intuito de apoiar Angola no enfrentamento a epidemias e emergências sanitárias, como covid-19, sarampo, malária e dengue.
Para 2025, foram disponibilizadas 82 vagas em 17 hospitais universitários brasileiros, com preenchimento de 91,4%. Desde o início do programa, mais de 3 mil oportunidades foram ofertadas em diferentes modalidades de formação, como fellowships, mestrados, doutorados e cursos híbridos.
A experiência reafirma o papel dos hospitais universitários como centros de ensino, inovação e solidariedade internacional, contribuindo com a qualificação de profissionais e o fortalecimento dos sistemas de saúde no Brasil e em países parceiros. Com informação: Dourados News.