Após duas décadas de esforços contínuos, Mato Grosso do Sul alcançou um marco histórico nesta quinta-feira (29): o reconhecimento oficial como área livre de febre aftosa sem vacinação. O anúncio foi feito às 5h20 (horário local) durante a 92ª Sessão Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), em Paris, na França.
O resultado é fruto de um trabalho que envolveu desde a reestruturação do sistema de vigilância sanitária e controle de fronteiras até a criação de um plano de comunicação e grandes investimentos em tecnologia, pessoal e infraestrutura. A conquista insere o Estado em um novo patamar no cenário agropecuário mundial, com reflexos diretos sobre as exportações e a atração de novos negócios.
A cerimônia contou com a presença de uma comitiva estadual liderada pelo secretário da Semadesc, Jaime Verruck, ao lado do secretário-executivo Rogério Beretta, do diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, e da equipe técnica da agência. Também estiveram presentes a senadora Tereza Cristina (PP-MS), o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, e o deputado estadual Paulo Corrêa.
"Esse é um passo histórico e extremamente significativo. Foram mais de R$ 250 milhões investidos apenas na Iagro, e hoje ela se consolida como uma das agências mais modernas do país. Essa conquista abre mercados nobres e gera mais empregos, valoriza nossos produtos e impulsiona a economia", destacou o governador Eduardo Riedel.
Apenas Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e do Mato Grosso detinham esse status até então. Com a nova certificação, Mato Grosso do Sul passa a integrar o seleto grupo de estados aptos a exportar carne bovina e suína para mercados mais exigentes, como o Japão e países da Europa.
Desde 2005, quando houve a reintrodução do vírus no território estadual, foram adotadas medidas rigorosas, como campanhas de vacinação, reforço nas unidades de fiscalização, educação sanitária e, nos últimos dois anos, a suspensão da vacinação, conforme os protocolos internacionais. “Agora, com o reconhecimento oficial, abrimos uma nova etapa para a sanidade animal e para a competitividade internacional do nosso Estado”, afirmou Jaime Verruck.
O diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, ressaltou que a agência foi essencial em todas as fases do processo. “Coletamos mais de 8 mil amostras de bovinos, reforçamos a equipe com 52 novos fiscais concursados e mantivemos vigilância permanente, especialmente nas regiões de fronteira”, detalhou.
Em 2024, o Estado exportou mais de US$ 1,2 bilhão em carne bovina, principalmente para China, Estados Unidos e Chile. No primeiro quadrimestre de 2025, as exportações somaram US$ 510 milhões. Com o novo status, os percentuais de participação do Estado nas exportações nacionais de carne bovina subiram para 11,26% em valor e 11,23% em volume.
Além da bovinocultura, o reconhecimento também impulsiona a suinocultura estadual. “Estados como o Japão, que antes só negociavam com Santa Catarina, agora passam a ser mercados em potencial para Mato Grosso do Sul”, reforçou Verruck.
Para manter o novo status sanitário, o Estado continuará investindo em estrutura e fiscalização. A Iagro aplicou mais de R$ 243 milhões em ações estratégicas, incluindo a compra de veículos, modernização do sistema eSaniagro, valorização de pessoal e criação da Sala de Controle e Operações, que permite o monitoramento em tempo real de ocorrências sanitárias.
“O trabalho não para por aqui. A vigilância precisa ser permanente, com o compromisso de toda a cadeia produtiva para garantir a manutenção desse reconhecimento internacional”, concluiu o secretário Jaime Verruck. Com informações: DouradosNews.