A compra de fertilizantes para a safra 2025/26 no Brasil avança em ritmo mais lento que o habitual, sinalizando preocupações para a próxima temporada agrícola. Segundo especialistas, o adiamento nas aquisições por parte dos produtores está se tornando uma regra, impulsionado pela expectativa de queda nos preços e aumento nos valores da soja e do milho.
De acordo com Renata Cardarelli, especialista da consultoria Argus, os produtores preferem esperar até a aproximação da janela de plantio para decidir a compra, o que pode impactar o abastecimento. Dados da Argus indicam que entre 60% e 70% da compra de fertilizantes para soja já foi feita, índice inferior à média histórica de 80% para o período. Estados líderes na produção, como Mato Grosso, apresentam maior volume adquirido, cerca de 85%, enquanto no Paraná esse número gira em torno de 70%.
O mercado mostra demanda quase atendida para o cloreto de potássio (MOP), com preços mais atrativos desde o fim de 2024. Já os fosfatados seguem atrasados: cerca de 30% ainda precisam ser comprados, o que gera preocupação diante da oferta limitada e dos preços elevados. O cenário geopolítico, especialmente a guerra entre Rússia e Ucrânia e a política chinesa de priorizar seu mercado interno, reduz a disponibilidade global dos fosfatados, pressionando ainda mais os custos.
Entre fevereiro e maio de 2025, o preço do fosfatado MAP subiu de US$ 635 para US$ 725 por tonelada, um aumento que pode encarecer a safra para produtores que ainda não fecharam as compras. Além disso, a crise crônica na infraestrutura logística do Brasil dificulta o transporte dos insumos, elevando riscos de atraso nas entregas e custos adicionais, conforme alerta Ricardo Tortorella, diretor executivo da ANDA.
Enquanto isso, produtos biológicos ganham espaço como alternativa, especialmente com o novo Marco Legal para Bioinsumos em processo de regulamentação. A expectativa é que essa inovação avance ainda em 2025, ampliando as opções para o produtor rural.
Com decisões de compra pendentes, julho será um mês crucial para os produtores brasileiros, que precisam avaliar os riscos de custos mais altos e dificuldades logísticas para garantir a fertilização adequada da safra 2025/26.Com informações: Agro Estadao.