Com quase um novo caso de hanseníase registrado por dia em Mato Grosso do Sul no último ano, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) tem intensificado ações para o enfrentamento da doença na Atenção Primária. A mais recente iniciativa é a realização de capacitações voltadas a agentes comunitários de saúde (ACS) e equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), dentro do Projeto Sasakawa.
A primeira etapa das formações foi realizada entre os dias 10 e 13 de junho, em Três Lagoas, reunindo 150 ACS divididos em duas turmas. Durante os encontros, os participantes receberam orientações sobre sinais e sintomas da hanseníase, estratégias de busca ativa, acolhimento dos casos e enfrentamento ao estigma.
“A atuação dos agentes comunitários é essencial para a identificação precoce e o acolhimento das pessoas com hanseníase. São eles que abrem portas, levam informação correta e ajudam a romper o ciclo do preconceito”, afirmou Fabiana Nunes Pisano, enfermeira e consultora técnica da Gerência Estadual de Hanseníase e Tuberculose da SES.
A próxima fase ocorrerá entre os dias 24 e 26 de junho, e será voltada a médicos, enfermeiros e fisioterapeutas dos municípios de Três Lagoas, Água Clara, Bataguassu, Brasilândia, Santa Rita do Pardo e Selvíria. O foco será o aprimoramento do diagnóstico clínico, manejo de reações hansênicas, realização da Avaliação Neurológica Simplificada (ANS) e o acompanhamento contínuo dos pacientes.
As ações contam com o apoio técnico da Coordenação Geral de Vigilância da Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde. Estiveram presentes na primeira etapa a coordenadora substituta Jurema Guerrieri Brandão e a consultora técnica Laís Sevilha, ao lado de Fabiana Pisano.
Além das capacitações, a SES mantém parceria com o Hospital São Julião, referência no atendimento e na educação em hanseníase no estado. O convênio prevê ações de matriciamento, fornecendo suporte técnico às unidades básicas de saúde e fortalecendo a vigilância e o cuidado.
Em 2024, Mato Grosso do Sul já contabilizou 324 novos casos de hanseníase, um aumento em relação aos 275 registros de 2023. A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, com alto potencial incapacitante, causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Afeta principalmente os nervos periféricos e, sem tratamento, pode provocar perda de sensibilidade e mobilidade.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado, disponível gratuitamente pelo SUS, são fundamentais para interromper a cadeia de transmissão e evitar sequelas. A campanha da SES reforça: “Hanseníase: conhecer e cuidar, de janeiro a janeiro!”. Com informações: Agência de Notícias