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Leilão do petróleo tem baixa adesão e levanta alerta ambiental sobre riscos no Pantanal e Cerrado


Instituto Arayara celebra recuo no interesse por blocos em áreas sensíveis e reforça preocupação com o avanço do fracking em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Bloco não arrematado da Bacia de Parecis preserva áreas do Cerrado e Pantanal, consideradas de alto risco ambiental por especialistas. Imagem Ilustrativa. Por: Editorial | 18/06/2025 15:59

O leilão da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) realizado nesta semana terminou com apenas 34 dos 172 blocos ofertados arrematados. Embora o resultado possa ser interpretado como um fracasso comercial, para organizações ambientalistas como o Instituto Internacional Arayara, a baixa adesão foi uma conquista: várias áreas de elevado risco ambiental ficaram de fora do apetite das empresas, como a Bacia de Parecis, que abrange regiões do Cerrado e do Pantanal mato-grossense.

Apesar de Mato Grosso do Sul não estar diretamente incluído nas áreas ofertadas desta rodada, o alerta do Instituto recai sobre o risco já existente no estado. Segundo o diretor técnico da entidade, a ameaça à região persiste com a possibilidade de exploração por meio do fraturamento hidráulico, o chamado fracking — técnica altamente polêmica que injeta água e solventes químicos no subsolo para extrair gás e petróleo.

Atualmente, o fracking é proibido em estados como Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Bahia. Em Mato Grosso do Sul, uma proposta de moratória por dez anos tramitou na Assembleia Legislativa em 2018, mas foi rejeitada. Ainda assim, alguns municípios estabeleceram restrições por legislação própria.

Juliano Bueno, do Instituto Arayara, afirma que a técnica impacta negativamente o agronegócio e o meio ambiente, citando como exemplo a rejeição internacional à importação de alimentos oriundos de regiões que utilizam fracking. Além disso, o método envolve queima constante de gases tóxicos, afetando fauna, flora e a biodiversidade local.

No leilão, a Bacia de Parecis teve 21 blocos ofertados, mas apenas um foi arrematado — o PRC-T-121 — por uma empresa independente, ao valor de R$ 55 mil. A Petrobras, por sua vez, concentrou sua participação nas bacias da Foz do Amazonas e de Pelotas, investindo R$ 139 milhões em 13 blocos. No total, nove empresas venceram lances, movimentando R$ 989 milhões e prevendo investimentos de R$ 1,45 bilhão na fase inicial de exploração.

A oferta envolveu áreas sensíveis, como a costa amazônica e territórios próximos a Fernando de Noronha, provocando reações de indígenas e quilombolas. A Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) repudiou o leilão, especialmente em relação ao bloco 59, na costa do Amapá. Líderes do povo Tapayuna, de Mato Grosso, também protestaram contra o evento, realizado no Rio de Janeiro.

Apesar da forte movimentação financeira, o Instituto Arayara considera a “desidratação” do leilão uma vitória parcial e promete continuar atuando judicial e tecnicamente para impedir a assinatura de contratos em áreas de alto impacto socioambiental. Com informações: Campo Grande News.




Diário do Interior MS
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