O agravamento das tensões no Oriente Médio vem provocando reflexos significativos no mercado global de commodities agrícolas, impondo desafios adicionais para o agronegócio brasileiro. Segundo avaliação da consultoria Markestrat, os impactos combinados nos custos logísticos, de energia e insumos podem sobrecarregar um sistema já operando no limite, exigindo maior cautela dos produtores.
No setor da soja, apesar de uma leve recuperação nos contratos futuros, a demanda internacional enfraquecida e a alta no preço do óleo de soja — que subiu mais de 15% no mercado internacional — reforçam a necessidade de estratégias escalonadas de venda, monitoramento de câmbio e fretes. Para o milho, o momento coincide com a oferta máxima nacional, mas os custos crescentes de transporte marítimo podem pressionar as margens.
O trigo e o algodão também refletem a volatilidade global, com preços pressionados e riscos logísticos que tornam prudente a antecipação de fixações comerciais, especialmente para produtores dependentes de insumos importados. Já a cana-de-açúcar convive com margens apertadas devido à oferta global elevada de açúcar, mas pode ser beneficiada pela expansão do mercado de etanol nos EUA.
O suco de laranja e o café sofrem quedas expressivas nos preços, reforçando a importância do investimento em qualidade e proteção contra volatilidade. Por fim, a pecuária mantém relativa estabilidade, apoiada pela demanda interna, mas acompanha atentamente os efeitos indiretos dos gargalos logísticos no comércio exterior.
Diante desse cenário, especialistas recomendam que os produtores brasileiros reforcem o planejamento financeiro, adotem instrumentos de hedge e escalonem as operações comerciais para preservar margens e enfrentar a instabilidade global.Com informações: Agro Estadão.