O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, participou nesta segunda-feira (30) da conferência de abertura do seminário “Descortinando o futuro: trinta anos de debates jurídicos”, realizado na Universidade de Coimbra, em Portugal. Na ocasião, Barroso prestou homenagem ao jurista e professor José Joaquim Gomes Canotilho, uma das principais referências do Direito Constitucional no mundo lusófono.
Durante sua exposição, Barroso destacou a relevância da obra de Canotilho para a construção do pensamento constitucional brasileiro, especialmente no período pós-ditadura militar. Segundo o ministro, a obra Constituição Dirigente foi fundamental para consolidar a ideia de que a Constituição deve ser um instrumento de transformação social e de promoção dos direitos fundamentais.
“Possivelmente, a mais poderosa influência do Direito Constitucional brasileiro e da minha própria formação”, declarou Barroso, ao mencionar a importância da doutrina do jurista português em sua trajetória acadêmica. Ele também ressaltou o papel de Canotilho como elo entre o Direito português e o brasileiro: “Ele foi uma ponte extraordinária. Muito obrigado por tudo o que fez por todos nós”.
Com 83 anos, José Joaquim Gomes Canotilho é considerado um dos mais influentes constitucionalistas da atualidade. Sua contribuição teórica foi especialmente marcante na elaboração da Constituição brasileira de 1988, consolidando conceitos que defendem a efetividade dos direitos e a atuação proativa do Estado na construção de uma sociedade justa e democrática.
Além da homenagem, Barroso aproveitou a conferência de abertura para refletir sobre os principais desafios do Direito na contemporaneidade. Abordou temas como a crise climática, o impacto da inteligência artificial, a judicialização da saúde no Brasil, e as tensões entre Direito e Economia. Também destacou o papel do Brasil na agenda ambiental global.
Encerrando sua participação, Barroso fez um apelo à integridade pessoal diante das adversidades. “Não importa o que esteja acontecendo à sua volta. Faça você o melhor papel que puder. E seja bom e correto, mesmo quando ninguém estiver olhando”, concluiu o ministro.Com informações: Supremo Tribunal Federal (STF).