O Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro (PEPRN), em Mato Grosso do Sul, está no centro de uma iniciativa inovadora que pode transformá-lo em referência nacional na geração de créditos ambientais. Um estudo de viabilidade, coordenado pela Wetlands International Brasil e pela organização Mupan (Mulheres em Ação no Pantanal), com apoio do Imasul e da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), concluiu que a unidade reúne condições ideais para implementar soluções de mercado baseadas na natureza.
Com foco em metodologias como desmatamento evitado (REDD) e manejo integrado do fogo (MIF), o projeto identificou potencial elevado para emissão de créditos de carbono e, especialmente, de biodiversidade — uma novidade ainda em desenvolvimento no Brasil. O estudo considerou aspectos técnicos, legais e de governança, apontando caminhos para transformar o parque em fonte contínua de financiamento para sua própria gestão.
“O PEPRN pode ser um ativo estratégico para o estado. É uma oportunidade concreta de combinar preservação ambiental com geração de valor econômico”, destacou o secretário da Semadesc, Jaime Verruck.
A pesquisa também testou metodologias reconhecidas internacionalmente, como a Verra VM0048, para REDD, e a VM0047, voltada à restauração florestal — esta última considerada inviável no cenário atual do parque. Já o MIF, baseado em experiências australianas, demonstrou forte aplicabilidade na região, especialmente se adaptado a estratégias de zona de amortecimento.
Além do componente técnico, o estudo se aprofundou nas questões jurídicas e de governança necessárias para a implementação do modelo. A coordenadora do projeto, Letícia Larcher, ressaltou que foi preciso estruturar juridicamente o processo para garantir eficiência e legitimidade na gestão dos recursos.
Uma das grandes inovações do projeto é a valorização dos créditos de biodiversidade, seguindo critérios internacionais, como os da Biodiversity Credit Alliance. Foram realizados levantamentos de fauna e flora, análises de habitat e monitoramento contínuo da saúde dos ecossistemas.
Com apoio institucional, base científica robusta e soluções adaptadas ao contexto pantaneiro, o PEPRN se consolida como um laboratório vivo de inovação ambiental. A expectativa é que a iniciativa seja replicada em outras unidades de conservação do estado, como o Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari, ampliando o impacto positivo sobre o meio ambiente e sobre as comunidades locais.
A ação também está em sintonia com os compromissos de Mato Grosso do Sul para alcançar a neutralidade de carbono até 2030, reforçando o papel do estado como protagonista na transição para uma economia verde. Redação com informações: Agência de Notícias.