| Hoje é Terça-feira, 19 de Agosto de 2025.

Trump impõe tarifa de 50% e leva empresários bolsonaristas à mesa de Lula


Ofensiva dos EUA contra exportações brasileiras reconfigura alianças políticas e impulsiona articulação internacional do governo; produtores e indústrias já sentem os primeiros impactos.
Lula e Alckmin lideram comitê de crise em resposta à tarifa de Trump; empresariado antes ligado à direita agora busca diálogo com o Planalto. Foto: IA. Por: Editorial | 15/07/2025 10:53

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de aplicar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, virou o cenário político-econômico do Brasil de cabeça para baixo. Além de atingir em cheio setores estratégicos da economia nacional, como o agronegócio e a indústria de transformação, a medida aproximou empresários tradicionalmente ligados ao bolsonarismo do governo Lula, que agora se vê no centro das articulações para conter a crise e evitar uma retração ainda maior na balança comercial.

Em resposta imediata, o presidente Lula criou um comitê interministerial liderado por seu vice, Geraldo Alckmin, com a missão de coordenar ações diplomáticas, comerciais e estratégicas. A movimentação é pragmática e busca alternativas como a diversificação de mercados, estreitamento com a União Europeia e ampliação de parcerias com países asiáticos e latino-americanos.

Empresários mudam de rota

A ofensiva americana fez com que empresários antes alinhados a Jair Bolsonaro e ao nome de Tarcísio de Freitas em 2026 passassem a buscar proteção e diálogo junto ao governo federal. O próprio governador de São Paulo reconheceu que a negociação com os EUA precisa ser conduzida por Brasília. O gesto foi interpretado como um recuo da retórica ideológica diante dos efeitos concretos da nova tarifa sobre exportações de carnes, pescados, café e citros, entre outros produtos.

Lula ganha fôlego e aprovação

Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada nesta terça-feira (15) mostra que as medidas adotadas por Lula elevaram sua aprovação de 47,3% para 49,7% — o maior índice de 2025 até o momento. Para 61,1% dos brasileiros, o presidente petista representa melhor a imagem do país no cenário internacional do que seu antecessor.

Além disso, 62,2% dos entrevistados consideraram injustificada a decisão de Trump, enquanto 63,2% classificaram o presidente norte-americano como uma figura negativa.

Impacto direto no campo e na indústria

O setor de pescados foi um dos primeiros a sentir o impacto. Cerca de 1.160 toneladas de produtos que seriam exportados aos EUA tiveram as compras canceladas. Segundo a Abipesca, o público mais afetado são os pequenos produtores artesanais. Também há preocupação entre citricultores, cafeicultores e exportadores de carnes.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) alertou que a nova política americana ameaça investimentos, empregos e contratos de longo prazo, tanto no Brasil quanto nos EUA.

Diplomacia e retaliação cirúrgica

A regulamentação da Lei da Reciprocidade Comercial, assinada ontem por Lula, autoriza o Brasil a reagir contra países que imponham barreiras unilaterais. Embora o governo descarte uma retaliação generalizada, estuda medidas pontuais, como as já adotadas em disputas anteriores na Organização Mundial do Comércio.

No dia 21, Lula participa de um encontro internacional no Chile, onde líderes devem discutir formas de enfrentar o isolacionismo crescente liderado por Trump e defender um comércio internacional mais justo e multilateral.

Um Brasil mais estratégico

A crise, embora grave, revelou uma rara convergência entre governo e setores empresariais. Em um momento de instabilidade, a racionalidade política e o pragmatismo ganham espaço, dando ao Brasil a oportunidade de reorientar sua política externa e fortalecer sua posição em uma economia global cada vez mais fragmentada. Com informações: Semana On.




Diário do Interior MS
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