O agronegócio brasileiro acendeu o sinal de alerta após o anúncio da nova tarifa de 50% sobre produtos nacionais importados pelos Estados Unidos, válida a partir de 1º de agosto. Em reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin nesta terça-feira (15), lideranças do setor pediram que o Brasil evite retaliações imediatas e aposte em negociações diplomáticas com o governo norte-americano.
Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), afirmou que frigoríficos já suspenderam a produção voltada ao mercado americano. “Temos 30 mil toneladas de carne a caminho dos EUA, avaliadas em US$ 150 milhões. Estamos tentando negociar prorrogação da tarifa, porque há contratos em andamento”, disse.
Segundo Perosa, a produção interna de carne nos Estados Unidos está no menor nível em 80 anos, e o produto brasileiro é essencial para suprir a demanda por hambúrgueres — símbolo da alimentação no país.
Também presente na reunião, Marcio Ferreira, presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), lembrou que o Brasil responde por um terço de todo o café consumido nos EUA. “Exportamos 8,2 milhões de sacas em 2024. O sabor do café brasileiro já é aprovado pelo consumidor americano”, ressaltou.
A preocupação se estende ao suco de laranja. Ibiapaba Netto, da CitrusBR, revelou que 40% das exportações do setor têm como destino os EUA, o que representa uma receita de US$ 1,3 bilhão. “A tarifa, somada aos US$ 415 por tonelada já pagos, inviabiliza o negócio. A safra recém começou e não sabemos se poderemos vendê-la”, pontuou.
Guilherme Coelho, presidente da Abrafrutas, destacou o drama dos produtores de manga do Vale do São Francisco, responsáveis por 90% da produção nacional. “São 2,5 mil contêineres prontos para embarque aos EUA. Não há alternativa logística viável para redirecionamento. O mercado pode colapsar.”
Apesar da gravidade do cenário, o setor defende que o Brasil mantenha o diálogo aberto com os Estados Unidos, ao menos até o fim da safra, e evite medidas de retaliação que possam agravar ainda mais a crise no comércio bilateral. Com informações: Canal Rural.