| Hoje é Quarta-feira, 20 de Agosto de 2025.

Mato Grosso do Sul registra mais de 1.500 casos de gravidez infantil em 5 anos


Estado teve média de 25 partos mensais em meninas de até 14 anos; estudo aponta que pobreza, evasão escolar e exclusão social impulsionam maternidade precoce no Brasil.
Menina caminha em estrada de terra em comunidade rural de MS; gravidez infantil é reflexo da desigualdade social e da falta de acesso à educação e saúde sexual. Foto: Reprodução. Por: Editorial | 22/07/2025 07:21

Entre 2020 e 2024, Mato Grosso do Sul registrou 1.531 casos de gravidez em meninas com até 14 anos, o que equivale a uma média de 25 partos mensais. Os dados são do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Ministério da Saúde, e revelam que 1 a cada 106 nascimentos no estado é de uma menor de idade, abaixo da idade mínima para consentimento sexual no Brasil.

No período, o estado contabilizou 163.155 partos, sendo que a maioria das mães adolescentes tinham entre 4 e 7 anos de escolaridade — ou seja, não concluíram o ensino fundamental. Os dados mostram ainda que 777 dessas meninas foram identificadas como pardas e 345 como indígenas, evidenciando o recorte racial e social da maternidade precoce.

Desde que o painel passou a ser disponibilizado, em 2016, o ano de 2017 foi o que mais registrou casos: 475 meninas até 14 anos engravidaram em MS.

A situação no estado reflete a realidade nacional, segundo pesquisa divulgada nesta segunda-feira (21) pelo Centro Internacional de Equidade em Saúde da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O estudo revela que, entre 2020 e 2022, mais de 1 milhão de adolescentes brasileiras entre 15 e 19 anos se tornaram mães, além de 49 mil meninas com idade entre 10 e 14 anos.

Segundo o epidemiologista e coordenador da pesquisa, Aluísio Barros, a gravidez na adolescência é reflexo da exclusão social. “Não é uma escolha individual, mas consequência da privação e falta de oportunidades”, afirma.

O levantamento mostra ainda que o Centro-Oeste apresenta média de 42,7 nascimentos por mil adolescentes, taxa superior à de países como Rússia, Índia e China — integrantes do BRICS — cujos índices variam entre 5,9 e 16,3 por mil.

Além disso, 69% dos municípios brasileiros têm taxas de fecundidade adolescente acima do esperado para o nível de renda do país. No Centro-Oeste, 32,7% das cidades estão entre as mais vulneráveis.

Thais Junqueira, superintendente da organização Umane, parceira do estudo, lembra que o SUS oferece contraceptivos e educação sexual, mas ainda há desigualdades no acesso. “A gravidez na adolescência exige respostas integradas de vários setores da sociedade”, pontua.

A pesquisa foi lançada junto à nova plataforma do Observatório de Equidade em Saúde, que passa a monitorar desigualdades regionais em indicadores da saúde pública no Brasil. Com informações: Campo Grande News.




Diário do Interior MS
NAVIRAÍ MS
CNPJ: 30.035.215/0001-09
E-MAIL: diariodointeriorms1@gmail.com
Siga-nos nas redes Sociais: