As exportações de carne bovina de Mato Grosso para os Estados Unidos despencaram 73% em apenas dois meses, antecipando os efeitos das novas tarifas comerciais de 50% que entram em vigor a partir de 1º de agosto. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as vendas caíram de US$ 27,2 milhões em abril para US$ 7,4 milhões em junho de 2025.
A queda acentuada gera apreensão no setor, que já vinha operando sob incertezas diante das mudanças nas regras comerciais. “A exportação exige contratos e logística de longo prazo. Com o risco tarifário, há um receio generalizado, e o mercado se paralisa”, afirmou Paulo Bellicanta, presidente do Sindicato das Indústrias de Frigoríficos de Mato Grosso (Sindifrigo).
No cenário nacional, o recuo também é expressivo. As vendas de carne do Brasil aos EUA caíram de US$ 229,4 milhões no segundo trimestre de 2024 para US$ 75,3 milhões no mesmo período deste ano — retração de 67%.
Apesar da queda nas exportações pontuais, Mato Grosso conseguiu manter desempenho positivo no acumulado do primeiro semestre. Segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), o estado embarcou 371,7 mil toneladas de carnes bovina, suína e de aves de janeiro a junho, um crescimento de 5,4% em relação ao ano anterior.
A diversificação tem sido estratégica. Dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que os Estados Unidos representaram apenas 7% do total exportado no semestre. A aposta em mercados da Ásia e Oriente Médio, aliada a investimentos em sanidade e qualidade de processamento, tem amenizado os impactos externos.
Com um cenário internacional volátil, especialistas recomendam a ampliação da base de compradores e o monitoramento constante das mudanças tarifárias, cambiais e sanitárias para garantir competitividade à carne mato-grossense nos próximos meses. Com informações: Cenário MT.