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Pantanal sob ameaça: poluição dos rios e turismo desestruturado colocam ecossistema e moradores em risco


Rios contaminados afetam saúde de comunidades tradicionais, enquanto nova política federal estimula turismo em áreas sem saneamento básico.
Comunidades ribeirinhas enfrentam águas impróprias para consumo em meio à crescente exploração turística do Pantanal. Foto: Reprodução. Por: Editorial | 30/07/2025 16:25

O Pantanal, um dos maiores patrimônios ambientais do mundo, vive um paradoxo preocupante: enquanto é promovido como destino turístico de nível internacional, suas águas adoecem. Um relatório do projeto “Águas que Falam” revela um cenário alarmante de poluição hídrica nos rios da região, que compromete a saúde das populações ribeirinhas e indígenas, ao mesmo tempo em que o governo federal lança uma política de incentivo à visitação de unidades de conservação sem garantir saneamento básico para os moradores locais.

A crise atinge em cheio a Bacia do Alto Paraguai (BAP), onde vivem centenas de famílias em comunidades vulneráveis. Altos índices de nitrato e fosfato foram detectados, com valores muito acima dos limites seguros. O impacto direto é sentido na forma de doenças de pele, problemas gastrointestinais e outros males que afetam especialmente crianças e idosos.

“É um colapso invisível que se revela nos corpos e nas paisagens”, alerta o ecólogo José Sabino, da UEMS. O fenômeno de eutrofização — redução do oxigênio na água — já compromete a fauna aquática, com efeitos em cadeia sobre a biodiversidade pantaneira.

Paralelamente, a sanção da Lei 14.867/2024, que visa fomentar o turismo em 91 unidades de conservação em Mato Grosso do Sul, preocupa especialistas e lideranças comunitárias. Sem estrutura adequada, a exploração turística pode agravar ainda mais a degradação ambiental. “Não se trata de ser contra o turismo, mas de exigir responsabilidade”, afirma Márcia Hirota, da Fundação SOS Mata Atlântica.

Casos como o da aldeia Mãe Terra, que só em 2025 recebeu um sistema de potabilização de água, expõem a desigualdade na distribuição de recursos e infraestrutura. Em regiões onde o turismo é fonte de renda, como Passo do Lontra, o esgoto ainda corre a céu aberto.

Para pesquisadores e lideranças locais, a solução passa por uma governança participativa e ações estruturantes. Uma reunião marcada para 23 de agosto deve resultar em propostas concretas, elaboradas com base nas realidades locais. Mas, sem integração com políticas públicas e fiscalização ativa, iniciativas isoladas não darão conta da dimensão do problema.

A lição deixada pelo Pantanal é clara: não há turismo sustentável sem justiça ambiental — e esta, por sua vez, só é possível com justiça social. Com informações: Semana On.




Diário do Interior MS
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