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Cafeicultores seguram vendas em meio a incertezas políticas, climáticas e comerciais


Mesmo com a entrada da nova safra, volatilidade nas bolsas, preços baixos e tarifa dos EUA freiam negócios no mercado físico do café brasileiro.
Produtores de café aguardam condições mais favoráveis para negociar a nova safra, em cenário marcado por oscilações cambiais e preocupações com o clima. Foto: Reprodução. Por: Editorial | 08/08/2025 07:25

A comercialização do café no mercado físico brasileiro segue em ritmo lento, mesmo com a chegada da nova safra 2025/26. Os produtores têm adotado uma postura cautelosa, diante das incertezas políticas, da alta volatilidade nas bolsas internacionais e da recente tarifa imposta pelos Estados Unidos sobre o produto brasileiro.

Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado, até o início de julho apenas 31% da safra atual havia sido comercializada, percentual abaixo da média dos últimos cinco anos para o mesmo período. A retração no mercado é reflexo de um comportamento mais estratégico por parte dos cafeicultores, que, após lucros maiores na safra anterior, agora demonstram menor pressão por vendas imediatas.

“Os produtores estão mais capitalizados e apostam em uma possível recuperação dos preços”, explica Daniel Pinhata, analista de café da Datagro. “A queda nas cotações internacionais, as incertezas políticas e a expectativa de alta reforçam esse movimento.”

A preocupação com o clima também pesa nas decisões. O período de florada, entre setembro e outubro, é determinante para o potencial da safra 2026/27. Embora os modelos climáticos atuais apontem condições dentro da normalidade, qualquer alteração pode impactar os preços e levar os produtores a postergar ainda mais as vendas. “Com os estoques globais ainda baixos e uma demanda inelástica, qualquer sinal de quebra de safra pode provocar uma alta nos preços”, destaca Pinhata.

Outro fator que trava os negócios é a discrepância entre o preço esperado pelos produtores e o que tem sido ofertado no mercado. “Muitos produtores estão vendendo apenas o necessário para cobrir os custos. Houve perdas entre 15% e 30% na safra do arábica em algumas regiões, o que os leva a esperar por cotações mais vantajosas”, afirma Marcelo Moreira, analista da Archer Consulting. Ele lembra que, no início do ano, o preço do café chegou a R$ 3 mil a saca do arábica, e cerca de R$ 2 mil a do robusta.

A recente imposição de uma tarifa de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros — incluindo o café — também trouxe incertezas adicionais. O setor esperava que o grão fosse isento, o que não ocorreu até o momento. Isso provocou o congelamento de diversas negociações por parte dos importadores norte-americanos, que aguardam uma definição sobre o tema.

Para os analistas, o destravamento das vendas dependerá de maior clareza quanto à florada brasileira e à evolução das relações comerciais com os EUA. Até lá, o mercado deve seguir em compasso de espera. Com informações: Notícias Agrícolas.




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