Pelo menos 30 produtores de Nova Andradina e Angélica enfrentam graves prejuízos financeiros após a Result Armazéns Gerais não cumprir os pagamentos referentes à soja entregue antecipadamente, conforme prometido para abril de 2025. Até o momento, a maioria dos agricultores ainda não recebeu nenhum valor, acumulando perdas estimadas em cerca de R$ 25 milhões.
O caso expõe um problema recorrente no setor agrícola regional, marcado por práticas pouco transparentes. Muitas cerealistas de pequeno porte atuam sem contratos formais, baseando-se apenas em acordos verbais e documentos como romaneios e notas fiscais, o que dificulta o controle e a garantia dos pagamentos.
Segundo reportagem do site “Notícias Agrícolas” divulgada na última quarta-feira (6), a situação pode piorar devido à alienação da maioria dos silos da Result Armazéns Gerais junto a instituições financeiras. Isso significa que os ativos podem ser apreendidos, prejudicando ainda mais os produtores e dificultando possíveis recuperações judiciais da empresa.
Até agora, apenas cinco produtores ingressaram com ações na Justiça para buscar ressarcimento, mas relatos indicam que ao menos 30 agricultores já foram afetados pela inadimplência.
O advogado especialista em direito agrário, Leandro Marmo, ressalta a importância de os produtores verificarem a real capacidade de armazenamento das empresas com as quais negociam. “É comum que algumas cerealistas recebam volumes de grãos superiores ao que podem estocar, comprometendo os pagamentos futuros”, explica.
O número de pedidos de recuperação judicial no setor do agronegócio cresceu 44,6% em 2025, com destaque para produtores pessoa física, especialmente no estado do Mato Grosso. Marmo alerta ainda que, em muitos casos, as empresas priorizam o pagamento de dívidas bancárias, deixando os produtores sem receber os valores devidos, o que pode gerar impactos financeiros graves para os agricultores.
Os produtores prejudicados podem buscar ressarcimento tanto na esfera civil quanto criminal. Contudo, o processo costuma ser complexo, especialmente devido à ausência de bens registrados em nome das cerealistas e eventuais tentativas de ocultação do patrimônio.
Diante desse cenário, a recomendação dos especialistas é que os produtores exijam sempre contratos formais e garantias antes da entrega da produção, dando preferência a cooperativas ou empresas maiores e consolidadas no mercado.
Casos semelhantes já foram registrados em Mato Grosso do Sul envolvendo outras cerealistas, como Granosul e AGM, reforçando a necessidade de maior cuidado nas negociações.
Até o fechamento desta matéria, o Jornal da Nova tentou contato com a Result Armazéns Gerais, mas não obteve resposta. Com informações: Jornal da Nova.