Em artigo publicado ontem (14) no The New York Times, intitulado Democracia e Soberania Brasileiras São Inegociáveis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu às críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o aumento das tarifas sobre produtos brasileiros.
Lula destacou que, nos últimos 15 anos, os EUA registraram um superávit de US$ 410 bilhões na balança comercial com o Brasil e que cerca de 75% das exportações brasileiras aos americanos são isentas de impostos. O presidente defendeu o multilateralismo como base para as relações internacionais e classificou a decisão de taxar produtos brasileiros como política.
O chefe do Executivo também criticou acusações de Trump contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e questionou a postura das grandes empresas de tecnologia dos EUA. Entre os avanços brasileiros, Lula citou a implementação do PIX, que ampliou a inclusão financeira, e a redução do desmatamento na Amazônia, além de apreensões de recursos usados em crimes ambientais.
O presidente reafirmou que o Brasil está aberto a negociar tarifas, lembrando os mais de 200 anos de relações bilaterais e destacando que divergências ideológicas não devem prejudicar a cooperação entre os países.
Brasil dá exemplo de democracia, apontam especialistas do NYT
Em outro artigo publicado pelo jornal na sexta-feira (12), os professores Steven Levitsky e Filipe Campante destacaram a condenação de Bolsonaro como exemplo de fortalecimento da democracia brasileira, em contraste com a situação nos EUA após a eleição de 2020. Para eles, a ação das instituições brasileiras demonstra eficácia na proteção do sistema democrático, enquanto as sanções e tarifas de Trump contra o Brasil refletem pressão política externa.
ONU: embate entre soberanias
Na 79ª Assembleia Geral da ONU, marcada para 23 de setembro, Lula e Trump vão apresentar visões opostas sobre soberania, liberdade de expressão, crise climática e conflitos internacionais. Enquanto o presidente brasileiro defenderá cooperação multilateral, proteção ambiental e regulação de plataformas digitais, Trump reforçará discurso nacionalista, alinhamento a Israel e críticas a organismos internacionais.
O confronto simboliza não apenas diferenças ideológicas, mas também uma disputa por legitimidade no cenário global, com impactos potenciais na ordem internacional nas próximas décadas.