Famílias dos três homens mortos em Icaraíma, no noroeste do Paraná, afirmam que vão solicitar a exumação dos corpos para a realização de uma perícia independente. A decisão foi tomada após suspeitas em relação à versão oficial da polícia sobre as circunstâncias das mortes. O delegado-chefe da 7ª Subdivisão Policial, Gabriel Menezes, refutou as acusações.
Para Meiriany de Souza, viúva de Rafael Juliano Marascalchi, ele e as outras duas vítimas não teriam sido mortos no dia 5 de agosto, quando os desaparecimentos foram registrados na Polícia Civil de Icaraíma. Segundo a viúva: “Eles foram sequestrados e mantidos em cativeiro pelos autores, que queriam dinheiro. Só foram mortos depois, quando a situação saiu do controle”.
Ela afirmou ainda que o estado de conservação dos corpos não seria compatível com os 44 dias em que, segundo a polícia, teriam permanecido enterrados em uma cova na mata. O reconhecimento dos cadáveres foi feito pela advogada das famílias, na Polícia Científica de Umuarama/IML, sem dificuldades. A cova onde os três corpos foram ocultados ficava na zona rural de Icaraíma.
Perícia independente
Após a liberação dos corpos pelo Instituto Médico-Legal, as famílias podem solicitar perícias independentes, realizadas por peritos particulares ou médicos legistas contratados. Esse procedimento é comum em casos de suspeita de erro ou quando há dúvidas sobre a versão oficial.
Para que a exumação seja realizada, é necessária autorização judicial, e o pedido deve ser fundamentado.
“Infelizmente, não conseguiremos realizar a perícia independente antes do sepultamento. Por isso, decidimos contratar peritos particulares para revisar os documentos emitidos e solicitar exames complementares, caso a exumação seja autorizada judicialmente”, explicou Meiriany.
Da esquerda para a direita: Rafael, Alencar, Robishlei e Diego Foto: Reprodução
O que diz o delegado
O delegado-chefe da 7ª Subdivisão da Polícia Civil do Paraná, Gabriel Menezes, refutou as acusações das famílias, incluindo a de que os corpos só teriam sido encontrados graças a um suposto mapa elaborado por um desafeto da família Buscariollo.
“Não existe nenhum mapa de desafeto. Ficamos quase trinta horas ininterruptas procurando e cavando em todo lugar. Se esse mapa existe, faltou entregá-lo à polícia”, afirmou.
Ele também rebateu as críticas sobre a condução das investigações: “Desde a primeira semana, as esposas acusam a polícia de envolvimento. Não levamos isso em conta, entendendo o trauma da família. Nosso papel é trabalhar e mostrar resultados. Não vamos transformar um caso tão grave em debate público com os familiares, que têm todo direito de manifestar a dor que estão sentindo”.
Edilson Miaqui, chefe da Polícia Científica, apoiou a fala do delegado: “As instituições policiais têm um papel sensível e, muitas vezes, difícil de ser compreendido por quem não vivencia os limites legais aos quais somos submetidos”. Com informações OBemdito.