Em Campo Grande, quando as amoreiras das ruas e canteiros começam a se cobrir de frutos roxos e suculentos, é comum ver moradores com sacolas nas mãos disputando cada galho, sem deixar escapar uma única fruta. O prazer de saborear a amora direto do pé logo se transforma em criatividade na cozinha, rendendo sucos, geleias, saladas e até shakes proteicos.
Amoras maduras pendem dos galhos, convidando moradores e crianças a saborearem a fruta direto do pé em Naviraí. Foto: Jussara Pieri Machado.
E o fenômeno não se restringe à Capital. Em Naviraí, o casal Valdomiro Lucas Tonini, de 84 anos, e Ana Bressa Tonini, de 83, também mantém viva essa tradição. Há anos, eles plantaram uma amoreira em frente à residência, na Rua Bandeirantes. Hoje, o pé se tornou ponto de encontro de vizinhos, populares e até crianças, que se deliciam com as frutas diretamente dos galhos.
A empresária Neiba Yukime Ota Marinho, de 50 anos, é uma das apaixonadas pela fruta. Fã de amoras desde a infância, ela aproveitou a safra para preparar um shake com whey protein e iogurte, alcançando o ponto certo entre cremosidade e frescor. A colheita também rendeu potes de geleia, saladas coloridas e sucos que, segundo ela, remetem à infância, quando corria pelas ruas da cidade em busca das frutinhas caídas no chão.
Já o aposentado Jorge Pedrinho, de 77 anos, convive de perto com a tradição. Há mais de 15 anos ele plantou uma amoreira na calçada e hoje vê, com satisfação, vizinhos e transeuntes colhendo o que a árvore oferece. Apesar da alegria em compartilhar, ele faz um alerta: “É preciso cuidado para não quebrar os galhos”, diz, lembrando que, na Avenida Mato Grosso, entre as ruas Brasil e Bahia, a empolgação já deixou marcas, com ramos partidos pela ânsia da colheita.
Especialistas ressaltam que, além de saborosas e acessíveis, as amoras são um verdadeiro tesouro nutricional. Ricas em vitaminas, fibras e antioxidantes, contribuem para a saúde do coração, da pele e para o controle de peso. E o melhor: podem ser consumidas ao natural, sem açúcar, preservando ainda mais seus benefícios.
Assim, a fruta roxinha que colore as ruas de Campo Grande e Naviraí vai além da estação: é memória afetiva, saúde e sabor reunidos em cada colherada.