Em uma era hiperconectada, a infância também mudou. O contato com a natureza, as brincadeiras ao ar livre e o tempo longe das telas são cada vez mais recomendados por especialistas como essenciais para o desenvolvimento infantil.
Com 29 anos de atuação em consultório, a pediatra Renata Aniceto, membro do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), reforça que, além de alimentação saudável e vacinação, o tempo de convívio entre pais e filhos tornou-se uma prescrição comum.
“Quero que no final de semana as famílias tenham duas horas de brincadeiras no parque ou vivências em casa, como cozinhar e jogar jogos de tabuleiro. Muitos pais não sabem brincar com os filhos porque já vêm de uma fase conectada às telas”, alerta.
Renata observa que o aumento do tempo diante de celulares e tablets impacta a comunicação, a cognição e até a saúde mental. “Houve uma desconexão entre pais e filhos. No consultório, vemos mais ansiedade e depressão. Vivemos um momento muito conectado e, ao mesmo tempo, desconectado humanamente”, afirma.
A professora Angela Uchoa Branco, da Universidade de Brasília (UnB), reforça a importância das brincadeiras presenciais e dos jogos de tabuleiro. “Contação de histórias, leitura antes de dormir e brincadeiras ao ar livre estimulam criatividade, concentração e sociabilidade”, explica.
Tempo de telas
A SBP atualizou recentemente as orientações sobre uso de telas:
0 a 2 anos: sem telas;
2 a 5 anos: até 1 hora por dia, com supervisão;
6 a 10 anos: 1 a 2 horas por dia, supervisionado;
11 a 18 anos: 2 a 3 horas por dia, evitando uso noturno.
O excesso de telas também afeta o sono, alerta Renata: “A luz das telas inibe a melatonina, dificultando o início do sono e prejudicando processos neurológicos, como fixação de aprendizados e secreção de hormônios essenciais para crescimento e apetite”.
Alimentação e hábitos saudáveis
A professora Diana Barbosa Cunha, do Instituto de Medicina Social da Uerj, reforça a importância da introdução alimentar a partir dos 6 meses e da manutenção de hábitos saudáveis desde cedo. “O exemplo da família é essencial. É importante estimular a autonomia da criança, permitindo que escolha e prepare alimentos saudáveis”, completa.
Para especialistas, a combinação de brincadeiras, leitura, alimentação adequada e sono de qualidade é a base de uma infância mais plena e saudável. Com informações: Agência Brasil.