Um paciente de 58 anos desenvolveu câncer meses depois de receber um transplante de fígado em um hospital de referência na capital paulista. Exames genéticos confirmaram que as células cancerígenas não pertenciam ao receptor, mas ao órgão transplantado — um evento reconhecido pela literatura médica, porém raríssimo em todo o mundo.
O paciente havia sido diagnosticado anos antes com uma doença hepática crônica e foi incluído na fila de transplantes. A cirurgia ocorreu em 2023 e, a princípio, foi bem-sucedida. No entanto, cerca de sete meses depois, exames revelaram nódulos suspeitos no novo fígado. Uma biópsia confirmou a presença de um adenocarcinoma, e testes de DNA mostraram que o tumor se originava do doador.
Após o diagnóstico, o paciente foi submetido a um novo transplante, mas o câncer já havia se espalhado para outros órgãos, tornando o caso irreversível. Hoje, ele recebe cuidados paliativos.
De acordo com médicos ouvidos por especialistas da área, a possibilidade de transmissão de um câncer por meio de transplante é extremamente baixa — inferior a 0,03% dos casos, segundo estudos internacionais. Mesmo com protocolos rigorosos, células malignas microscópicas podem não ser detectadas durante os exames e avaliações clínicas que precedem a doação.
Especialistas explicam que o sistema imunológico de receptores de órgãos é enfraquecido pelos medicamentos usados para evitar rejeição, o que pode favorecer o crescimento de células tumorais preexistentes. Ainda assim, destacam que os transplantes continuam sendo um dos procedimentos mais seguros e eficazes da medicina moderna.
O caso deve ser apurado por órgãos de controle e comissões médicas competentes para identificar se houve falha nos protocolos ou se trata-se de uma ocorrência isolada e imprevisível. Com informações. g1