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Lula durante cerimônia em que recebeu o título de doutor honoris causa na Universidade Nacional da Malásia, em Putrajaya (Foto: Divulgação).
Por: Editorial | 25/10/2025 10:23
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a continuidade da guerra na Faixa de Gaza e a resistência internacional em reconhecer o Estado palestino. A declaração foi feita neste sábado (25), durante cerimônia em que recebeu o título de doutor honoris causa em Filosofia e Desenvolvimento Internacional do Sul Global, concedido pela Universidade Nacional da Malásia, em Putrajaya, capital administrativa do país.
“As comunidades universitárias em todo o mundo têm elevado suas vozes contra a brutalidade do genocídio em Gaza e contra a inércia moral, que impede até hoje que o Estado Palestino seja criado. Quase sempre são os jovens que nos recordam que a paz é o valor mais precioso da humanidade”, afirmou o presidente.
Durante o discurso, Lula também defendeu que o aumento de tarifas comerciais entre países não deve ser usado como instrumento de coerção internacional. “Nações que não se dobram ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis”, disse o presidente, em referência indireta às medidas protecionistas adotadas por Washington.
Ao defender o multilateralismo e a necessidade de mudanças nos organismos internacionais, Lula destacou o papel do Sul Global — grupo que reúne países da América Latina, da Ásia e da África — na construção de uma ordem mundial mais justa e equilibrada.
“A defesa de uma ordem baseada no diálogo, na diplomacia e na igualdade soberana das nações está no cerne da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas. Sem maior representatividade, o Conselho de Segurança seguirá inoperante e incapaz de responder aos desafios do nosso tempo”, declarou.
O presidente também criticou as desigualdades estruturais do sistema financeiro internacional. Segundo ele, é inaceitável que os países ricos tenham nove vezes mais poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) do que o conjunto das nações em desenvolvimento.
Lula apontou que o protecionismo e a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) criam uma assimetria insustentável para o Sul Global. “É a hora de interromper os mecanismos que sustentam há séculos o financiamento do mundo desenvolvido às custas das economias emergentes”, destacou.
Ele defendeu que os recursos globais sejam direcionados ao desenvolvimento sustentável das nações emergentes. “Não podemos vislumbrar um mundo diferente sem questionar um modelo neoliberal que aprofunda desigualdades: 3 mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015. Esta cifra supera o PIB nominal atual da Asean e do Brasil somados”, comparou.
Lula permanece na Malásia até a próxima terça-feira (28), quando participará de encontro com empresários locais e representantes da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Neste domingo (26), ele deve se reunir com autoridades dos Estados Unidos para tratar das tarifas sobre produtos brasileiros. Com informações: Agência Brasil.
