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Reajustes do salário mínimo acima da inflação fortalecem a renda média e impulsionam o mercado de trabalho. (Crédito: Tânia Rêgo)
Por: Editorial | 03/11/2025 08:00
A renda média do trabalho cresceu 4% entre janeiro e setembro de 2025, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo IBGE. O avanço foi impulsionado pelos sucessivos reajustes do salário mínimo acima da inflação e pela expansão do emprego formal.
De acordo com a coordenadora de pesquisas do IBGE, Adriana Beringuy, o aumento do piso nacional tem efeito direto sobre os rendimentos em setores como comércio e serviços, onde grande parte dos trabalhadores recebe valores próximos ao mínimo. “O reajuste eleva essas remunerações e produz um ‘efeito extravasamento’ sobre faixas salariais ligeiramente superiores”, explica.
Nos últimos nove meses, o crescimento da renda foi o maior já registrado desde o início da série histórica. O levantamento mostra que, na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve aumentos significativos em diversos setores: 6,5% na agropecuária (R$ 134 a mais, em média), 5,5% na construção civil (R$ 145), 4,3% em áreas públicas como saúde e educação (R$ 199) e 6,2% em serviços domésticos (R$ 79). No segmento de informação e atividades financeiras, a alta foi de 3,9% (R$ 184).
Desde 2023, o governo retomou a Política de Valorização do Salário Mínimo, que havia sido interrompida em 2017. Pela regra, o valor é reajustado anualmente com base na inflação do ano anterior somada ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. O salário mínimo passou de R$ 1.302 em 2023 para R$ 1.412 em 2024 e chegou a R$ 1.518 em 2025, representando ganho real de 2,61%.
Segundo o Projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026, o valor deverá subir para R$ 1.630, o que representará reajuste nominal de 7,37%.
A combinação entre o aumento real do salário mínimo e a expansão do emprego tem ampliado o rendimento médio e reduzido desigualdades salariais. “Com o crescimento do emprego com carteira assinada, mais trabalhadores têm seus salários vinculados ao mínimo, ampliando o alcance desse efeito”, destaca Adriana Beringuy.
Cálculos do Dieese apontam que cerca de 59,9 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo. O reajuste de 2025 deve gerar incremento de R$ 81,5 bilhões na renda nacional e acréscimo de R$ 43,9 bilhões na arrecadação tributária sobre o consumo.
O impacto da política de valorização também se reflete na Previdência Social. Aproximadamente 70% dos benefícios pagos pelo INSS estão atrelados ao salário mínimo. Apesar das críticas sobre o custo fiscal, estudos do Dieese indicam que o aumento da arrecadação supera o gasto adicional estimado em R$ 38,9 bilhões.
O avanço do emprego formal fortalece ainda mais esse quadro. Em 2024, o número de contribuintes individuais do Regime Geral de Previdência Social (RGPS) atingiu recorde de 62,2 milhões, alta de 1,6 milhão em relação ao ano anterior. No total, o país chegou a 76,6 milhões de contribuintes e 6,9 milhões de benefícios concedidos — o maior volume em uma década. Com informações: GOV.BR
