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Décio Lima, presidente do Sebrae, destaca o papel dos pequenos negócios na transição ecológica e na promoção da justiça climática. (Foto: Divulgação/Sebrae)
Por: Editorial | 03/11/2025 14:24
A justiça climática é, antes de tudo, uma busca por equidade. Representa o esforço de construir uma divisão justa dos investimentos e das responsabilidades no enfrentamento da emergência ambiental, orientada pela proteção dos direitos humanos, coletivos e difusos, e pelo reconhecimento das responsabilidades históricas de cada país nas mudanças do clima.
Hoje, discutir clima é discutir desigualdade — e entender quem paga o preço da crise ambiental.
A COP29, realizada em 2024, em Baku (Azerbaijão), trouxe avanços técnicos, mas também a sensação de que a diplomacia climática tradicional chegou ao seu limite. O mundo ainda está distante da meta de conter o aumento da temperatura média global em 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, e o financiamento climático continua não chegando a quem mais precisa.
Com a COP30, que será sediada em Belém (PA), os olhos do mundo se voltam novamente à Amazônia — não apenas como palco de discursos, mas como território onde nascem soluções concretas.
No Brasil, boa parte das emissões de gases de efeito estufa vem do desmatamento e da pecuária. Uma das saídas para esse desafio está na base da economia: os pequenos produtores e empreendedores locais. As pequenas propriedades rurais surgem como protagonistas da transição para uma agricultura regenerativa, por sua profunda conexão com a terra e com o conhecimento tradicional, permitindo práticas sustentáveis adaptadas a cada realidade.
A menor escala favorece a diversificação de culturas e o uso de sistemas agroflorestais, o que aumenta a resiliência e reduz a dependência de insumos químicos. Ao fortalecer mercados locais, esses produtores geram bioeconomia, alimentos saudáveis e fixam famílias no campo.
“O que queremos mostrar em Belém, junto ao SME Climate Hub, é que os pequenos negócios são parte essencial da solução climática”, afirma Décio Lima, presidente do Sebrae.
No país, as micro e pequenas empresas (MPE) representam mais de 95% das empresas brasileiras e mais de 80% dos empregos formais. Por estarem mais próximas das comunidades, sentem primeiro os efeitos das mudanças climáticas — mas também podem agir mais rápido, adotando medidas simples e eficazes, como o uso racional de energia e água.
Décio Lima defende que a transição ecológica global só será possível se houver instrumentos financeiros acessíveis, políticas públicas específicas, inovação tecnológica e formação em práticas de baixo carbono voltadas às pequenas empresas. “Bioeconomia, agricultura regenerativa e economia circular não são tendências. São condições para a sobrevivência da floresta e das comunidades que vivem dela”, enfatiza.
Os mutirões do Sebrae, realizados em todo o país e com destaque especial durante a COP30, são exemplos dessa atuação prática. Nessas ações, pequenos empreendedores recebem orientação para tornar seus negócios sustentáveis, medir e reduzir emissões, acessar crédito verde e conectar-se a mercados conscientes.
Segundo Décio, em todo o mundo os desafios são distintos — da descarbonização industrial à transição energética —, mas o princípio é o mesmo: quando o pequeno tem apoio, o impacto positivo se multiplica.
“Belém tem tudo para simbolizar a virada de uma agenda climática centrada em compromissos abstratos para uma ação distribuída e enraizada no território. O caminho de Baku a Belém pode representar a passagem da promessa à prática — da conferência técnica à conferência do território.”
E conclui: “Porque, no fim, onde tem pequeno, tem futuro. Tem floresta em pé, tem renda, tem dignidade. E tem o início de um novo pacto entre desenvolvimento e sustentabilidade.” Com informações: Agência Sebrae
