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Quase 80% das famílias brasileiras relatam ter dívidas em aberto, segundo pesquisa da CNC; inadimplência alcança 30,5% e preocupa o comércio. (Foto: Divulgação)
Por: Editorial | 04/11/2025 13:27
A inadimplência e o endividamento das famílias brasileiras começam a preocupar alguns setores da economia. O percentual de famílias que informam ter algum tipo de dívida a vencer chegou a 79,5% em outubro, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Esse é o nono mês consecutivo de alta e o maior patamar já registrado na série histórica do levantamento.
Do total de famílias endividadas, 30,5% estão com as dívidas em atraso e 13,2% afirmam que não terão condições de pagar as parcelas — o maior percentual já registrado.
“O avanço no endividamento, na inadimplência e na percepção de insuficiência financeira simultaneamente e pelo terceiro mês seguido é um alerta para a necessidade de ajustes, principalmente na área fiscal, para que os resultados de 2025 não se repitam ou se agravem ainda mais em 2026”, afirmou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.
Com o endividamento e a inadimplência em níveis recordes, as famílias também aumentaram o tempo de atraso no pagamento das parcelas. O percentual de inadimplentes por mais de 90 dias subiu de 48,7% para 49%, o maior nível desde dezembro do ano passado.
Houve ainda alta pelo segundo mês seguido no número de famílias com dívidas há mais de um ano, passando de 31,1% para 32%. A média geral de tempo para pagamento chegou a 7,2 meses, retornando ao patamar de junho.
Embora prazos mais longos possam aliviar o orçamento mensal, acabam elevando o custo total com juros.
“Nem mesmo o bom momento do mercado de trabalho tem sido suficiente para conter o avanço na inadimplência, tamanho o patamar atual dos juros. Nesse cenário, o comércio já sente desaceleração das vendas, uma vez que as famílias se veem obrigadas a promover ajustes no orçamento”, destacou o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes.
A análise por faixa de renda mostra que o aumento do endividamento foi mais acentuado entre as famílias com renda entre 5 e 10 salários mínimos, tanto no mês quanto no ano.
O percentual de inadimplência subiu no mês apenas entre as famílias que ganham de 3 a 5 salários mínimos. Já a falta de condições de pagar as dívidas atrasadas cresceu mais entre aquelas com renda entre 5 e 10 salários, com alta de 0,6 ponto percentual em relação a setembro.
O resultado reforça a necessidade de atenção crescente às famílias de classe média, que vêm enfrentando maiores dificuldades para reorganizar o orçamento. Com informações: IstoÉDinheiro
