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Brasil avança nas negociações para vender carne bovina ao Japão: Auditores chegam ainda em novembro


País aguarda última auditoria japonesa em frigoríficos para concluir protocolo sanitário e abrir novo mercado premium para a pecuária brasileira.
Auditoria japonesa deve definir etapa final para abertura do mercado de carne bovina ao Brasil (Foto: Divulgação). Por: Editorial | 06/11/2025 08:00

O Brasil está cada vez mais próximo de conquistar um dos mercados mais exigentes e valorizados do mundo: o Japão. A abertura para a carne bovina brasileira depende da etapa final de auditoria em frigoríficos nacionais, prevista para ocorrer ainda em novembro, segundo o Ministério da Agricultura.

O ministro Carlos Fávaro afirmou que a visita japonesa deve concluir o protocolo bilateral. “Com essa auditoria final nas plantas frigoríficas, acho que o protocolo fica pronto e devemos ter o anúncio, se Deus quiser, ainda este ano”, destacou.

A comitiva dará sequência ao processo iniciado após o reconhecimento do Brasil pela Organização Mundial de Saúde Animal como país livre de febre aftosa sem vacinação. Em junho, técnicos japoneses já haviam inspecionado o sistema de defesa sanitária e o processo de rastreabilidade nacional.

Um memorando emitido após aquela visita confirmou que o Brasil respondeu a um extenso questionário enviado por Tóquio, com foco nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina — os primeiros reconhecidos como áreas livres de aftosa sem vacinação e, portanto, aptos a ingressar em mercados mais rigorosos.

O Ministério da Agricultura do Japão informou, em nota, que conduz uma avaliação de risco conforme seus próprios procedimentos antes de liberar as autorizações de exportação.

Para o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, o início das compras será gradual e concentrado na região Sul. “O Japão deve comprar carne dos estados da região Sul, inicialmente. Esses estados devem ser os primeiros credenciados”, explica. Segundo ele, o volume não deve ser suficiente, neste primeiro momento, para alterar os preços internos da arroba.

Com a aprovação das auditorias, o Brasil poderá operar no modelo de pré-listing, mecanismo que simplifica futuras habilitações e permite exportação para todo o território japonês. Apesar do otimismo, uma fonte ligada ao Ministério da Agricultura afirma que ainda não há data oficial para a visita. Internamente, há expectativa de avanço até o fim de 2025, mas com cautela devido ao rigor japonês.

A abertura do Japão também tem peso estratégico. Ao reduzir a dependência da China, o Brasil amplia sua capacidade de negociação e fortalece sua posição global. Entre janeiro e setembro de 2025, o país exportou cerca de 2,44 milhões de toneladas de carne bovina, 16% a mais que no mesmo período de 2024, com receita de US$ 12,4 bilhões.

Com quase 125 milhões de habitantes e alto poder aquisitivo, o Japão importa cerca de 730 mil toneladas de carne bovina por ano, principalmente dos Estados Unidos e da Austrália. Para a CEO da Agrifatto, Lygia Pimentel, a possível entrada do Brasil exigirá padrão elevado. “O Japão é um dos melhores pagadores do mundo. O Brasil vai precisar entregar um produto mais padronizado e de alta qualidade”, afirmou.

Se o acordo se concretizar até o fim de 2025, o volume inicial será pequeno, mas de alto valor agregado, com foco em cortes premium. No médio prazo, a abertura pode consolidar a imagem da carne brasileira como produto premium e sustentável. “A abertura ao Japão seria uma conquista de longo prazo e elevaria o patamar da carne brasileira no cenário global”, completou Pimentel.

Para atender ao mercado japonês, especialistas apontam a necessidade de investimentos em genética, nutrição e biotecnologias reprodutivas como a IATF, que garantem maior uniformidade e qualidade nos animais. “Essas biotecnologias aceleram a seleção genética e atendem ao perfil de consumo de mercados que valorizam padrão sensorial”, observou Lygia.

Durante o Congresso Mundial da Carne, em outubro, o assessor técnico da CNA, Rafael Ribeiro, reforçou a importância da rastreabilidade para acessar países como Japão e Coreia do Sul. “São mercados que remuneram melhor e agregam valor à carne brasileira. Acreditamos que até o final do ano, ou no início de 2026, devemos ter uma notícia positiva”, afirmou.

Ribeiro lembrou ainda que a Coreia do Sul também representa grande potencial, embora exija mais tempo por questões internas. Japão e Coreia importam, juntos, mais de um milhão de toneladas anuais.

Iglesias destaca que o Japão deve repetir o movimento feito com a carne suína: começar pequeno e crescer gradualmente. “Não vamos ver o Japão entrando com tanta força a ponto de influenciar o mercado brasileiro no curto prazo”, avaliou. Para ele, o impacto inicial será simbólico, abrindo portas para mercados premium e valorizando a imagem da carne nacional. Com informações: Notícias Agrícolas.




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