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TFFF: entenda em 5 pontos o que é o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, proposta liderada pelo Brasil


Iniciativa brasileira busca remunerar financeiramente países que preservam florestas tropicais, mas divide opiniões entre governos, ambientalistas e investidores sobre sua eficácia e governança.
Amazônia legal no Amazonas, uma das áreas que podem ser beneficiadas pelo TFFF (Foto: Bruno Kelly/Reuters). Por: Editorial | 06/11/2025 08:58

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês) é uma das principais apostas do governo brasileiro para impulsionar a conservação ambiental global. O projeto cria um sistema internacional de remuneração a países que mantêm suas florestas em pé, reconhecendo o papel das nações tropicais na regulação do clima e na absorção de carbono.

Embora ainda não esteja na pauta oficial da Conferência do Clima de Belém (COP30), o TFFF deve ser lançado durante a Cúpula de Líderes que começa nesta quinta-feira (6). O fundo pretende captar cerca de R$ 125 bilhões em investimentos privados, reinvestindo parte desses recursos em projetos sustentáveis. O lucro das aplicações, chamado de spread, será destinado a recompensar países de acordo com a área de floresta preservada.

Na prática, a proposta, anunciada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, busca transformar a conservação florestal em uma fonte de receita previsível e contínua — uma espécie de “renda florestal global” voltada a compensar economicamente os países que optam por manter a floresta viva.

A seguir, entenda em cinco pontos o que é o TFFF, como ele deve funcionar e por que tem gerado debate internacional.

1. O que é o TFFF e qual é a proposta?
O TFFF parte da constatação de que destruir florestas ainda é, economicamente, mais vantajoso do que preservá-las. A extração de madeira e a expansão agrícola geram lucro rápido, enquanto a conservação florestal ainda carece de retorno financeiro direto.

O fundo pretende inverter essa lógica, criando um sistema de pagamentos por desempenho. Cada país tropical seria recompensado de acordo com a área de floresta mantida em pé, medida por monitoramento por satélite e padrões técnicos acordados internacionalmente.

Diferente do mecanismo REDD+, que remunera pela redução de emissões de carbono, o TFFF paga pela floresta preservada em si, com valor estimado em cerca de US$ 4 por hectare por ano. Parte dos recursos deverá ser destinada a povos indígenas e comunidades locais.

2. Como funcionará o pagamento?
O plano prevê captar até US$ 125 bilhões, tornando o TFFF o maior fundo de conservação já criado. Deste total, US$ 25 bilhões viriam de governos e fundações — incluindo Brasil, Noruega, Alemanha, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos e China — e o restante, de investidores privados.

Os recursos seriam aplicados em investimentos de baixo risco e isentos de vínculos com setores poluentes, como petróleo e carvão. O rendimento anual, entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões, bancará os pagamentos aos países que mantiverem taxas de desmatamento abaixo de 0,5% ao ano.

O Banco Mundial administrará o fundo, enquanto o TFFF fará o monitoramento e a distribuição dos pagamentos. Pelo menos 20% do valor recebido por cada país deverá ser repassado diretamente a povos indígenas e comunidades locais.

3. Quem participa e quando será lançado?
Até 74 países com florestas tropicais e subtropicais poderão aderir ao TFFF, abrangendo mais de 1 bilhão de hectares de vegetação nativa. Brasil, Indonésia, Malásia, Gana e Singapura estão entre os participantes confirmados ou em negociação.

O presidente Lula anunciou o aporte inicial de US$ 1 bilhão por parte do Brasil, reforçando o compromisso nacional com o projeto. O lançamento oficial deve ocorrer durante a Cúpula de Líderes da COP30, em Belém, com a presença de chefes de Estado e organismos internacionais.

4. Quais são as principais críticas?
Apesar do entusiasmo, o TFFF tem recebido críticas de ambientalistas e organizações da sociedade civil. O Greenpeace e outras entidades alertam para o risco de que o fundo priorize retornos financeiros de investidores privados em detrimento da conservação.

Há também preocupações quanto à governança e à distribuição dos recursos, temendo que países desenvolvidos, principais financiadores, dominem a estrutura decisória. Ambientalistas pedem salvaguardas mais claras para garantir que o dinheiro chegue efetivamente às comunidades locais, evitando que fique retido em instâncias intermediárias.

Além disso, especialistas cobram critérios mais rígidos para impedir que o fundo apoie indiretamente atividades associadas ao desmatamento, como mineração, agronegócio e extração madeireira industrial.

5. Por que o fundo é estratégico para o Brasil e a COP30?
O TFFF é visto como uma vitrine diplomática do Brasil na COP30, reforçando o papel do país como líder climático global. A proposta busca demonstrar que a preservação da Amazônia e de outros biomas tropicais é um investimento essencial para o planeta, e não apenas uma responsabilidade local.

Com a iniciativa, o governo brasileiro tenta consolidar a ideia de que os países ricos, responsáveis pela maior parte das emissões históricas, devem contribuir financeiramente com o Sul Global para garantir uma transição ecológica justa.

Segundo a ministra Marina Silva, o fundo representa “uma virada de chave” na forma de financiar a proteção ambiental: “Já exploramos demais a natureza para gerar riqueza. Agora, é hora de usar essa riqueza para protegê-la.” Com informações: g1




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