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Selic a 15%: Copom indica que corte nos juros deve demorar mais que o esperado


Comunicado do Banco Central reforça que a taxa básica será mantida por período “bastante prolongado”, adiando expectativas de início do ciclo de cortes.
Sede do Banco Central em Brasília, onde o Copom decidiu manter a taxa Selic em 15% ao ano (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil). Por: Editorial | 06/11/2025 09:01

Pela terceira vez consecutiva, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa Selic em 15% ao ano, decisão já esperada pelo mercado financeiro. A novidade ficou por conta do tom do comunicado divulgado após a reunião desta quarta-feira (5), que frustrou as apostas de redução em breve e reforçou que os juros permanecerão em nível elevado por um tempo “bastante prolongado”.

A expressão chamou atenção de analistas, que interpretaram o texto como um sinal de maior cautela do Comitê. “Não é por um período prolongado, é ‘bastante prolongado’, o que faz diferença”, destacou Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Felipe Cima, da Manchester Investimentos, lembrou que o mercado esperava uma suavização no discurso. “Havia a expectativa de retirada do termo ‘bastante’, o que abriria espaço para cortes em janeiro. Como isso não ocorreu, as apostas agora se concentram em março”, afirmou.

Julio Barros, economista do Banco Daycoval, também vê o cenário de início de cortes mais distante. “Nosso cenário base era de corte no início do ano, mas agora a probabilidade se reduz. A próxima reunião com chance real passa a ser a de março, ou até mais adiante”, avaliou.

Para Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, o mercado de trabalho é o principal obstáculo para o Banco Central iniciar um ciclo de flexibilização. “Se existe uma pedra no caminho do BC, o nome dela é mercado de trabalho”, disse. Apesar da desaceleração gradual da inflação, os dados de emprego seguem fortes, o que mantém a autoridade monetária mais conservadora. “O comunicado foi um balde de água fria para quem esperava qualquer sinal de mudança de postura”, completou.

A Warren Investimentos também destacou o tom “hawkish” — mais duro — do texto. Os economistas Luis Felipe Vital, Cecilia Mazzoni e Thais Borges notaram a permanência de expressões como “bastante prolongado”, “significativamente restritiva” e “não hesitará em retomar”, indicando que o Copom não pretende flexibilizar a política monetária no curto prazo.

No mercado, a avaliação é de que a decisão deve gerar impacto imediato nos ativos financeiros. “A ausência de sinalização de corte deve pressionar a curva de juros e afetar a bolsa. O início do dia deve ser de juros futuros subindo e o mercado acionário em queda”, avaliou Marcelo Bolzan, sócio da The Hill Capital.

O comunicado também destacou que o ambiente externo permanece incerto, com foco nas condições econômicas dos Estados Unidos e nas tensões geopolíticas globais, o que exige “particular cautela” dos países emergentes. Internamente, o Copom observou desaceleração da atividade, mas ressaltou a resiliência do mercado de trabalho e o fato de que as expectativas de inflação para 2025 e 2026 seguem acima da meta.

De acordo com o texto, o Comitê considera necessária “uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado” para garantir a convergência da inflação à meta.

A decisão foi unânime entre os nove membros do Copom, incluindo o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Com informações: IstoÉDinheiro




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