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“Somos uma região de paz e queremos continuar assim”, diz Lula na IV Cúpula da Celac-UE


Em discurso na Colômbia, presidente defende integração regional, cooperação em segurança, fortalecimento da democracia e o multilateralismo como base para uma ordem mundial mais justa.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante discurso na IV Cúpula da Celac-UE, em Santa Marta, Colômbia. (Foto: Ricardo Stuckert/PR) Por: Editorial | 10/11/2025 07:40

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu neste domingo (9), durante a IV Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e da União Europeia (UE), em Santa Marta, Colômbia, o papel estratégico dos dois blocos na construção de uma ordem mundial baseada na paz, no multilateralismo e na multipolaridade.

Em discurso na Sessão Plenária de Chefes de Estado e de Governo, Lula destacou a necessidade de retomar a integração regional, afirmando que a América Latina enfrenta um momento de fragmentação. “Voltamos a ser uma região balcanizada e dividida, mais voltada para fora do que para si própria”, avaliou o presidente, cobrando avanços concretos na pauta econômica e ressaltando o Acordo MERCOSUL-União Europeia como exemplo de cooperação possível.

Lula alertou para os riscos do extremismo político, da manipulação da informação e do crime organizado, que, segundo ele, ameaçam a democracia. “Somos uma região de paz e queremos permanecer assim. Democracias não combatem o crime violando o direito internacional. A democracia também sucumbe quando o crime corrompe as instituições, esvazia os espaços públicos e destrói famílias”, afirmou.

Segurança e cooperação
O presidente enfatizou que a segurança é um dever do Estado e um direito humano fundamental, defendendo o combate ao crime organizado com base na cooperação internacional. “Não existe solução mágica para acabar com a criminalidade. É preciso reprimir o crime e suas lideranças, estrangulando seu financiamento e rastreando o tráfico de armas”, declarou.

Entre as ações já em andamento, Lula citou a renovação do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira — entre Brasil, Argentina e Paraguai — e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus, que reúne nove países sul-americanos. “Ações coordenadas, intercâmbio de informações e operações conjuntas são essenciais para combater crimes financeiros e o tráfico de drogas, armas e pessoas”, destacou.

Agenda econômica e ambiental
Na pauta econômica, o presidente reforçou a importância de concluir o Acordo MERCOSUL-União Europeia, que integrará um mercado de 718 milhões de pessoas, e manifestou otimismo com a possibilidade de avanço na próxima cúpula do MERCOSUL, em dezembro. “Temos um enorme potencial de aprofundar nossos laços econômicos e fortalecer o comércio internacional baseado em regras”, disse.

Lula também mencionou a COP30, realizada na Amazônia, como oportunidade para a região liderar a transição energética global. Citou o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) como exemplo de iniciativa que valoriza a preservação ambiental. “Nossas florestas devem valer mais em pé do que derrubadas. A transição energética é inevitável, e nossa região pode ser fonte segura e confiável de energia limpa”, afirmou.

Proposta à ONU
Ao encerrar o discurso, o presidente propôs que a próxima Secretária-Geral da ONU seja uma mulher latino-americana, ressaltando o pioneirismo das regiões na promoção da igualdade de gênero. “É chegada a hora de ter uma latino-americana à frente das Nações Unidas. Precisamos enviar ao mundo um sinal de que América Latina, Caribe e Europa estão comprometidos com uma agenda de paz, cooperação e desenvolvimento sustentável”, defendeu.

A Cúpula
A Celac foi criada em 2010 e reúne 33 países da América Latina e do Caribe com o objetivo de promover diálogo e cooperação em temas como segurança alimentar, saúde, energia, sustentabilidade e transformação digital. A Colômbia exerce a presidência pro tempore do bloco em 2025, sucedendo Honduras e sendo sucedida pelo Uruguai em 2026.

O Brasil, que teve papel central na criação da Celac, retomou sua participação plena em 2023, após três anos de afastamento, reafirmando a integração latino-americana como prioridade de sua política externa. Com informações: Agência GOV




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