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Américas perdem status de região livre do sarampo; doença é altamente transmissível e pode matar


A OPAS confirmou o retorno da transmissão endêmica no Canadá e alertou que a queda na cobertura vacinal ameaça reacender surtos em toda a região. O Brasil registrou 34 casos em 2025, a maioria em Tocantins.
Vacina tríplice viral protege contra sarampo, rubéola e caxumba; especialistas alertam para necessidade de manter a imunização em alta. (Foto: PMBV/Divulgação) Por: Editorial | 13/11/2025 07:15

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) anunciou nesta semana que as Américas perderam o status de região livre do sarampo, após o Canadá registrar transmissão contínua do vírus por mais de 12 meses. O sarampo, uma das doenças mais contagiosas do mundo, pode causar complicações graves e até a morte, especialmente em crianças.

O Brasil mantém, por enquanto, a certificação de eliminação da doença, reconquistada em 2024. No entanto, o país registrou 34 casos confirmados entre janeiro e setembro de 2025, segundo o Ministério da Saúde. A maior parte das infecções ocorreu em Tocantins, onde um surto em Campos Lindos resultou em 25 casos após quatro brasileiros retornarem da Bolívia infectados.

“É um grande retrocesso para as Américas e um alerta para o Brasil. Mostra que todo o esforço para eliminar o sarampo precisa ser renovado”, afirma Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

No Rio de Janeiro, dois bebês menores de um ano foram diagnosticados com sarampo sem histórico vacinal. O Ministério da Saúde destaca que casos isolados não configuram transmissão endêmica, mas indicam brechas na imunização.

Uma das doenças mais contagiosas do mundo
O sarampo é transmitido por via respiratória e pode permanecer suspenso no ar por até duas horas. “Se dez pessoas entram em contato com alguém infectado e não estão vacinadas, nove vão se contaminar”, explica Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm. Os sintomas incluem febre alta, manchas vermelhas, irritação nos olhos e conjuntivite. Em casos graves, pode causar pneumonia, encefalite e cegueira.

Cobertura vacinal em queda
A OPAS alerta que a cobertura vacinal média nas Américas ficou em 79% em 2024, abaixo dos 95% necessários para impedir surtos. No Brasil, a primeira dose da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) caiu de 96% em 2015 para 80,7% em 2022, recuperando-se parcialmente para 91,5% em 2025. A segunda dose, essencial para garantir imunidade, atingiu apenas 75,5% neste ano.

“A queda da cobertura vacinal é o principal fator para o retorno do sarampo. Quando a imunização cai, os suscetíveis se acumulam e o vírus encontra espaço”, alerta Ballalai.

Desinformação e cansaço pós-pandemia
Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) revelou que o Brasil concentra 40% da desinformação antivacina da América Latina e Caribe. Entre 2019 e 2025, foram identificadas 1,47 milhão de mensagens falsas sobre imunização em comunidades do Telegram.

“A vida corrida e a falsa sensação de segurança fazem com que famílias posterguem doses. A desinformação entra nesse cenário e amplifica o medo”, afirma Ballalai.

Certificação e vigilância
Para manter a certificação de eliminação, o país deve comprovar ausência de transmissão local por um ano, com vigilância clínica, laboratorial e de fronteira. “Não basta dizer que não há casos; é preciso demonstrar que o país procurou e não encontrou”, explica Kfouri.

Enquanto o Brasil ainda não apresenta transmissão sustentada, o Canadá enfrenta circulação contínua do vírus há mais de um ano, o que levou à perda do status continental.

Um retrocesso reversível
Apesar do alerta, especialistas afirmam que a situação é controlável. “O Brasil tem experiência e estrutura para conter o sarampo rapidamente, como já fez antes”, diz Ballalai. “Com vacinação contínua e vigilância ativa, podemos eliminar o sarampo pela terceira vez. Mas isso depende de mobilizar a população e combater a desinformação com ciência”, reforça Kfouri. Com informações: g1




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