De seringueiro a referência em design: “Doutor da Borracha” leva moda de látex à COP30

Entre seringueiras e histórias de resistência na Amazônia, nasceu a marca Doutor da Borracha, de Epitaciolândia (AC). Criado por José Rodrigues de Araújo, seringueiro desde os 10 anos, o negócio é hoje um exemplo de como a floresta pode gerar renda sem desmatamento. Suas criações em látex natural, que incluem calçados, acessórios e biojoias, estão entre os produtos mais procurados da Brasil Biomarket, loja colaborativa do Sebrae na Green Zone da COP30, em Belém.

A loja reúne 900 produtos de 250 pequenos negócios de 22 unidades da Federação, representando os seis biomas brasileiros. Cada peça carrega elementos da biodiversidade e o compromisso com práticas sustentáveis. José, conhecido como “Doutor da Borracha”, construiu sua trajetória sem escolarização formal, aprendendo na prática a transformar seiva em design. Com apoio da Universidade de Brasília (UnB), aperfeiçoou o método das Folhas Semi Artefato (FSA), que possibilita a criação de sandálias, bolsas e acessórios de borracha nativa.

A evolução da marca está diretamente ligada ao fortalecimento do empreendedorismo amazônico por meio de políticas públicas e parcerias institucionais. Com o Sebrae, o empresário participou de feiras como Fenearte, Fenace e o Salão do Artesanato, o que ampliou a visibilidade nacional e aperfeiçoou a qualidade dos produtos. O empreendimento tornou-se referência em sustentabilidade e inovação no setor de calçados ecológicos.

Na COP30, enquanto líderes globais debatem soluções climáticas, o Doutor da Borracha mostra que alternativas sustentáveis já fazem parte do cotidiano da Amazônia. Para José, trabalhar com a floresta é também uma missão de vida: ele destaca que aprendeu com o pai a preservá-la e sente orgulho em transformar a seiva em produtos que representam a natureza em sua forma mais pura.

A Brasil Biomarket funciona em dois espaços da COP30: a Green Zone, aberta ao público, e a En-Zone, ambiente do Sebrae voltado ao empreendedorismo. Com funcionamento até 21 de novembro, a iniciativa busca promover negócios alinhados à bioeconomia, conectando empreendedores, investidores e visitantes.

O Sebrae mantém ainda um estande de 400 m² na Green Zone, com programação que inclui encontros, exibições audiovisuais, apresentações culturais e degustações regionais. A atuação se estende à Zona do Empreendedorismo (En-Zone), no Parque Belém Porto Futuro, e a diversas ações urbanas pela capital paraense. Com informações: Agência Sebrae