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Parada LGBTI+ do Rio celebra 30 anos e relembra trajetória que transformou o movimento no Brasil


Marco histórico de 1995 impulsionou visibilidade, autoestima e mobilização que se espalhou por todo o país.
Bandeira gigante do arco-íris é carregada por participantes durante uma das primeiras edições da Parada do Orgulho LGBTI+ em Copacabana, reunindo milhares de pessoas na orla carioca. (Foto: Divulgação). Por: Editorial | 17/11/2025 07:29

A primeira Parada do Orgulho LGBTI+ do Brasil completa 30 anos no próximo domingo (23), quando milhares de pessoas retornam à Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para celebrar três décadas de luta, resistência e afirmação. Com o tema “30 anos fazendo história: das primeiras lutas pelo direito de existir à construção de futuros sustentáveis”, o evento retoma o mesmo cenário que marcou sua origem em 1995 e que mudou definitivamente os rumos do movimento no país.

A data simbólica remete à Marcha da Cidadania de 25 de junho de 1995, realizada ao fim da 17ª Conferência Mundial da Associação Internacional de Gays e Lésbicas (Ilga). A presença desse evento internacional no Brasil, articulada por ativistas nacionais, ampliou a visibilidade da comunidade, conectou grupos de diferentes regiões e impulsionou a criação das paradas em várias cidades.

Segundo o professor da Unifesp, Renan Quinalha, esse foi um momento divisor de águas:
“Não era a primeira vez que o movimento ia às ruas, mas foi o início de uma manifestação com diálogo direto com a sociedade e com uma pauta mais abrangente”, explica.

O início e as dificuldades

A história dessa conquista começou anos antes. Em 1991, o ativista Adauto Belarmino oficializou a candidatura do Rio como sede da conferência. Dois anos depois, a cidade foi confirmada. Na época, grupos como o Atobá e o recém-criado Grupo Arco-Íris buscavam organizar uma parada, mas a primeira tentativa, em Copacabana, reuniu menos de 30 pessoas.

Cláudio Nascimento, hoje presidente do Grupo Arco-Íris, lembra a frustração daquele dia e a decisão de refletir sobre o que precisava mudar. “A gente concluiu que, antes de cobrar participação, era preciso trabalhar autoestima. Havia medo de represálias, de perder emprego, de ser expulso de casa”, recorda.

O movimento então se fortaleceu com eventos sociais e culturais que estimularam a confiança do público. Em 1994, uma “tarde de convivência” no Museu de Arte Moderna reuniu cerca de 600 pessoas — sinal de que o caminho estava se abrindo.

1995: o marco que mudou tudo

A conferência da Ilga, realizada em junho de 1995, reuniu até 3 mil pessoas por dia e discutiu temas que só seriam conquistados décadas depois, como o casamento homoafetivo e o reconhecimento da discriminação contra LGBTI+.

Com o apoio de sindicatos, doações e articulações internacionais — incluindo artistas como Renato Russo, padrinho do evento —, o Grupo Arco-Íris conseguiu realizar a manifestação que ficaria marcada na história.

A bandeira de arco-íris gigante, com 124 metros de comprimento por 10 de largura, tornou-se símbolo da parada. “Ela foi pensada para que todos pudessem tocar e para que fosse impossível ignorá-la”, destaca Cláudio.

Pertencimento e expansão nacional

A ativista Rosângela Castro lembra o sentimento de força coletiva que surgiu naquele dia:
“Foi uma sensação de pertencimento, de que as coisas realmente começariam a mudar.”

Após o marco do Rio, integrantes do Arco-Íris viajaram por diversos estados ajudando a organizar novas paradas, incluindo a de São Paulo, que mais tarde se tornaria a maior do mundo.

O ativista Jorge Caê Rodrigues, que também participou da organização, descreve a marcha de 1995 como “uma catarse”. Sua trajetória pessoal se mistura à evolução do movimento, e ele afirma que, mesmo após perdas e pausas, continua encontrando na parada um espaço de memória, acolhimento e celebração.

O maior movimento democrático do país

Hoje, as paradas do orgulho LGBTI+ são consideradas as maiores manifestações democráticas do Brasil. Milhões de pessoas ocupam as ruas anualmente, mostrando a força de um movimento que cresceu, amadureceu e continua construindo futuros.

Três décadas depois, Copacabana volta a ser palco dessa história — agora com a certeza de que a luta iniciada em 1995 segue viva, firme e em constante transformação. Com informações: Agência Brasil.




Diário do Interior MS
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