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Delegado da Polícia Civil durante coletiva de imprensa sobre o caso, na sede da instituição em Dourados. (Foto: Osvaldo Duarte/Dourados News)
Por: Editorial | 17/11/2025 20:42
A Polícia Civil de Dourados esclareceu, durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (17), que não há qualquer indício de envolvimento afetivo ou sexual entre o padre Alexsandro da Silva Lima, de 44 anos, e o principal acusado pelo crime. Segundo o delegado Lucas Albe, do SIG (Setor de Investigações Gerais), essa versão foi apresentada exclusivamente pelo suspeito durante o interrogatório, sem qualquer apoio técnico ou material nas investigações.
“Essa é uma informação não oficial, que não foi fornecida pela Polícia Civil. Foi uma alegação feita durante o interrogatório do autor. Ele tem direito de dizer o que bem entender como meio de defesa”, afirmou o delegado. Ele reforçou que nenhuma evidência aponta para relacionamento prévio entre os dois ou tentativa de abuso por parte do sacerdote. “Até o momento, não há qualquer indício de que tivesse acontecido.”
Albe destacou ainda que as próprias características físicas da vítima e do suspeito contradizem a versão apresentada. “Pelo que identificamos, o padre era uma pessoa de porte físico avantajado, e o autor, uma pessoa franzina. Acreditamos que ele tenha atacado o padre de forma sorrateira, como uma emboscada”, disse. Segundo a Polícia Civil, os golpes de faca foram responsáveis pela morte, e não existe elemento técnico que comprove a tese do suspeito de que teria reagido a uma tentativa de abuso.
Durante a coletiva, o delegado confirmou que o caso é tratado oficialmente como latrocínio — roubo seguido de morte — e que o crime foi premeditado. “Os envolvidos confessaram que já tinham feito o planejamento algum tempo antes.” Ele ressaltou que os suspeitos não sabiam que Alexsandro era padre, mas tinham conhecimento de que possuía um veículo que seria vendido no Paraguai. Um dos participantes do crime já havia contatado um comprador interessado em pagar R$ 40 mil pelo automóvel.
Além do veículo, o grupo também roubou o celular da vítima, mas descartou o aparelho em um matagal após não conseguir desbloqueá-lo. A residência teria sido usada ainda para festas com amigos.
De acordo com Albe, todos os celulares apreendidos passam por perícia. “Vamos verificar todas as informações constantes nos aparelhos, até porque acreditamos que indicarão e confirmarão a premeditação”, afirmou, reforçando que essas análises deverão afastar definitivamente a hipótese levantada pelo acusado.
A investigação aponta que o principal suspeito já possuía antecedentes criminais, enquanto as adolescentes apreendidas não tinham registros anteriores.
A versão apresentada pelo autor do crime consta em depoimentos da audiência de custódia, onde ele afirma que teria ido à residência do padre após suposto convite para um encontro sexual. Contudo, o próprio relato indica que ele já havia decidido subtrair o veículo e fugir para o Paraguai. Ele alegou ainda que, no dia do crime, teria sido “forçado” a praticar ato sexual, o que — segundo sua narrativa — teria motivado a agressão com marreta e faca.
A Polícia Civil, porém, reforça que essa tese não tem sustentação nas provas reunidas e que a motivação do crime foi exclusivamente patrimonial.
