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Brenda percebeu oportunidade no mercado de transição capilar e transformou o Clube Raiz em negócio próprio (Foto: Divulgação).
Por: Editorial | 24/11/2025 10:08
Apesar de apresentarem nível de escolaridade semelhante ao dos homens brancos, as empreendedoras negras no Brasil seguem enfrentando desigualdades profundas. De acordo com a pesquisa “Empreendedorismo Negro no Brasil”, do Sebrae, 65% das mulheres negras donas de negócio têm ensino médio completo ou mais — índice próximo ao dos homens brancos (65,2%) e superior ao dos homens negros (46,1%). Apenas mulheres brancas apresentam escolaridade maior, com 79,8%.

(Foto: Divulgação)
Mesmo assim, a renda das empreendedoras negras permanece significativamente inferior: 27% menor que a dos homens negros, 48% menor que a das mulheres brancas e 61% menor que a dos homens brancos. Segundo o estudo, elas ganham em média R$ 1.986, enquanto mulheres brancas chegam a R$ 3.780. Para Fau Ferreira, gestora nacional de Afroempreendedorismo no Sebrae, o racismo estrutural cria barreiras adicionais, inclusive na valorização dos produtos dessas empreendedoras, frequentemente desvalorizados quando associados a negócios liderados por mulheres negras.

(Foto: Divulgação)
O empreendedorismo, no entanto, tem sido uma alternativa de autonomia e renda. A empreendedora Brenda Prates iniciou seu negócio a partir de uma necessidade pessoal, criando em 2017 o perfil Clube Raiz para falar sobre transição capilar. Em 2019, ela abriu sua loja física em Cuiabá (MT), vendendo produtos para cabelos de diferentes curvaturas, além de itens de pele. Ela aponta que o principal desafio é manter competitividade diante da concorrência e das mudanças no comportamento do consumidor, mas reforça que o trabalho ajuda a fortalecer a autoestima de quem não se via representado pelos padrões tradicionais de beleza.
Brenda destaca ainda o crescimento do afroempreendedorismo no país, impulsionado pela visibilidade na mídia, embora ainda marcado por informalidade e dificuldades de acesso a oportunidades. Para ela, parte da solução passa pela educação, com escolas identificando desde cedo perfis com potencial empreendedor.
Fau Ferreira reforça que a força e resiliência das mulheres negras também se refletem em seus negócios, mesmo diante de um cenário de desigualdades persistentes. Com informações: Agência Sebrae
