Com a chegada de dezembro, começa o verão, estação marcada por calor e chuvas mais intensas em todo o Brasil, condições ideais para a proliferação do Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. Especialistas alertam que a temporada exige atenção redobrada da população e das autoridades de saúde.
De acordo com Claudia Codeço, pesquisadora da Fiocruz e coordenadora do InfoDengue, o calor acelera o desenvolvimento do mosquito e a reprodução do vírus, contribuindo para o aumento de casos. No último verão, o Brasil enfrentou uma epidemia sem precedentes, com 6,5 milhões de casos prováveis de dengue registrados entre janeiro e outubro de 2024, resultando em 5.536 mortes. O aumento foi de 400% em relação ao ano anterior.
Embora ainda não seja possível prever a dinâmica da próxima temporada, a pesquisadora acredita que a imunidade natural adquirida pela população contra os sorotipos mais circulantes, dengue 1 e 2, possa conter a explosão de casos. No entanto, há preocupação com o vírus da dengue 3, que já circula em algumas regiões. “A evolução da dengue neste verão vai depender do comportamento desse vírus na população”, pontua Codeço.
O Distrito Federal, que liderou em incidência no início de 2024, registrou 161.299 casos nos três primeiros meses do ano, número quatro vezes maior que em 2023. Apesar de os casos recentes serem menores em comparação com o mesmo período do ano passado, o aumento gradativo em novembro reforça a necessidade de vigilância constante. Entre os dias 17 e 23 de novembro, foram notificados 970 casos prováveis, mais que o dobro da semana anterior.
Apesar dos desafios, a pesquisadora destaca que o Brasil está mais preparado do que na última temporada. “Ações intersetoriais, fortalecimento da vigilância e capacitação de municípios têm avançado significativamente. Agora, há mais informação e preparação para enfrentar um novo ano de combate à dengue”, afirma Codeço, trazendo um tom de otimismo diante do cenário preocupante.