Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (4) pelo IBGE revelou que a hora de trabalho de uma pessoa branca no Brasil vale 67% a mais que a de uma pessoa negra. Enquanto os brancos recebem, em média, R$ 23,02 por hora, os negros ganham R$ 13,73. A disparidade persiste mesmo entre aqueles com ensino superior, com salários de R$ 40,24 e R$ 28,11, respectivamente.
Os reflexos dessa desigualdade salarial são evidentes nos rendimentos mensais. Em 2023, trabalhadores brancos ganharam, em média, R$ 3.847, enquanto negros receberam R$ 2.264. O cenário representa um aumento da diferença em relação a 2022, quando os ganhos médios por hora foram de R$ 20 para brancos e R$ 12,40 para negros e pardos.
Segundo o IBGE, essa desigualdade está ligada às ocupações predominantes de cada grupo. Negros e pardos são maioria em áreas como construção, agropecuária e serviços domésticos, setores com remunerações mais baixas. Já os brancos têm maior presença em segmentos como administração pública, indústria e serviços financeiros, onde os rendimentos médios superam R$ 4.000 mensais.
A informalidade também contribui para essa disparidade. Em 2023, 45,8% dos trabalhadores negros ou pardos estavam em ocupações informais, frente a 34,3% entre os brancos. Mulheres negras enfrentaram taxas de informalidade ainda maiores (46,5%) comparadas às mulheres brancas (34,8%), evidenciando a intersecção de raça e gênero.
Apesar da desigualdade persistente, o IBGE destacou que a diferença de rendimento entre brancos e negros diminuiu ligeiramente entre 2019 e 2023. A proporção do rendimento médio de negros em relação ao de brancos caiu de 74% para 69% nesse período, um avanço modesto em um cenário que ainda requer profundas mudanças estruturais.