Retina e inteligência artificial abrem caminho para diagnóstico precoce do Alzheimer

Ao longo da história, diagnosticar doenças sempre foi um dos maiores desafios da medicina. Hoje, com a população envelhecendo e doenças neurodegenerativas ganhando escala global, a urgência não é apenas curar, mas antecipar. A doença de Alzheimer, a forma mais comum de demência, afeta cerca de 55 milhões de pessoas no mundo — 2 milhões no Brasil — e continua sendo um dos maiores problemas de saúde pública. Um estudo recente do grupo britânico The Economist revelou um dado alarmante: 80% dos casos no Brasil sequer são diagnosticados.

Nesse cenário, um campo promissor ganha força: o uso da retina como marcador precoce da doença. Com o apoio da tomografia de coerência óptica (OCT), da retinografia e da inteligência artificial, cientistas descobriram que alterações no tecido ocular, que é parte do sistema nervoso central, podem sinalizar o Alzheimer antes mesmo da perda cognitiva se manifestar.

Imagens detalhadas obtidas por exames de fundo de olho e analisadas por redes neurais convolucionais (CNNs) têm mostrado acurácia diagnóstica superior a 85% na identificação precoce de padrões associados à doença. Rápido, não invasivo e acessível, o exame pode ser adotado em larga escala, viabilizando uma abordagem preventiva, com intervenções realizadas em estágios iniciais da enfermidade.

Embora ainda seja necessário validar os modelos em diferentes contextos populacionais e estabelecer protocolos éticos e técnicos padronizados, especialistas apontam que a retina pode se tornar uma das chaves para o diagnóstico preditivo do Alzheimer. Uma inovação que não apenas vê mais, mas enxerga o futuro da medicina preventiva. Com informações: Veja.