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Denúncia aponta que uma gaze cirúrgica foi esquecida no abdômen da paciente durante cesariana no HU-UFGD – (Foto: Divulgação)
Por: Editorial | 23/10/2025 10:44
Uma mulher indígena Guarani-Kaiowá de Dourados enfrenta complicações graves após ter uma gaze cirúrgica esquecida dentro do abdômen durante uma cesariana realizada no Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) em maio deste ano. O erro médico só foi descoberto meses depois, quando a paciente desmaiou durante visita a um familiar e exames revelaram o material cirúrgico esquecido.
O caso chegou ao Conselho Municipal dos Direitos da Mulher (CMDM) em 16 de outubro de 2025 e foi tornado público em 17 de outubro, por meio de uma nota de repúdio. Segundo o Conselho, a paciente enfrentou quatro meses de dores intensas, infecções recorrentes e agravamento do quadro clínico devido à negligência.
“Durante e após o procedimento, os profissionais de saúde esqueceram uma gaze cirúrgica em seu abdômen, um erro médico inadmissível, que poderia ter sido evitado com protocolos básicos de segurança e conferência”, afirmou o CMDM em nota.
A paciente precisou passar por uma segunda cirurgia para a retirada do material. Devido às infecções, parte do intestino precisou ser exposta, exigindo o uso de uma bolsa de colostomia. O Conselho ainda relata que a paciente continua internada e enfrenta dificuldades no atendimento hospitalar, incluindo maus-tratos durante a troca de curativos, evidenciando “uma prática desumana e racista nas relações institucionais de cuidado”.
A presidente do CMDM destacou que o órgão acompanha o caso de perto e manifesta repúdio à violência obstétrica e institucional sofrida pela indígena. O Conselho exige apuração rigorosa, responsabilização dos profissionais e gestores envolvidos e garantias de atendimento humanizado.
“Nenhuma mulher deve ser violentada. Nenhum corpo indígena deve ser desrespeitado”, finaliza a nota do CMDM.
Em nota, o Hospital Universitário da UFGD afirmou que adotou todas as providências cabíveis após tomar ciência do caso e que a paciente vem recebendo acompanhamento contínuo e especializado em saúde indígena.
“O Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), vinculado à Rede Ebserh, informa que ao tomar ciência do caso, imediatamente adotou as providências cabíveis para garantir os cuidados integrais para o pronto reestabelecimento da paciente. Os protocolos e fluxos assistenciais estão sendo constantemente revisados e aprimorados e o caso está sendo acompanhado prioritariamente pelas comissões competentes e pela corregedoria da instituição”, diz o texto.
O hospital reforçou que mantém comunicação contínua com a paciente e seus familiares, destacando compromisso com transparência, segurança e assistência humanizada. A paciente retornou ao HU-UFGD no início de outubro, quando foram identificadas as complicações, e segue internada, ainda sem previsão de alta, necessitando de novos procedimentos médicos e acompanhamento contra infecções. Com informações: Dourados News
