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Moradores e líderes comunitários retiram corpos da Mata da Pedreira após megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão (Foto: Agência Brasil).
Por: Editorial | 30/10/2025 10:02
O presidente de uma associação comunitária do Parque Proletário confirmou nesta quarta-feira (29) relatos de tortura, execuções e decapitações durante a megaoperação policial realizada na terça-feira (28) nos complexos da Penha e do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.
“Muitos corpos deformados, com perfurações no rosto, cortes de faca, digitais removidas, e dois corpos decapitados; a maioria não tinha face”, afirmou o líder comunitário. Ele destacou casos específicos de moradores que não tinham envolvimento com o crime: “Dois irmãos foram mortos abraçados, cada um com um tiro na cara, e tiveram as digitais cortadas.”
Segundo ele, em mais de uma década de atuação na associação, nunca presenciou algo parecido. “Foi uma arbitrariedade muito grande. O Estado tem que trabalhar, mas tem que trabalhar direito. O que aconteceu aqui foi um genocídio, uma carnificina.”
O líder ressaltou que entre as vítimas havia moradores inocentes, como pessoas que criavam animais e buscavam alimento na mata. O Instituto Médico-Legal (IML) iniciou nesta quarta o reconhecimento e a liberação dos corpos para sepultamento.
Moradores afirmam que a polícia impediu equipes e familiares de socorrer vítimas ainda vivas, o que, segundo o líder comunitário, teria ocorrido para não deixar provas: “Se levassem para o hospital, ia comprovar o genocídio.”
O confronto mais violento teria ocorrido na Mata da Pedreira, área de mata que conecta as comunidades, onde agentes teriam formado um cerco para impedir fugas. Um morador relatou ter se escondido entre os corpos enquanto tentava localizar um familiar: “Encontramos muitos mortos sem camisa, fuzilados, com mãos e dedos decepados e também decapitados. Vi uma cabeça entre os galhos de uma árvore e o corpo jogado no chão.”
Fotógrafos que estiveram no local confirmaram ferimentos compatíveis com golpes de faca e decapitações. Testemunhas também relataram que algumas vítimas se renderam antes de serem mortas, desmentindo a versão oficial do governo, de que todos morreram em confronto.
Famílias começaram a recolher os corpos ainda na noite de terça-feira, com apoio de moradores, cobrindo os mortos com lençóis e toalhas. Segundo a associação comunitária, seis baleados foram levados a um hospital, mas todos chegaram sem vida. Com informações: Obendito.
