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Márcia e Juca durante passeio em praça de Campo Grande (Foto: Osmar Veiga)
Por: Editorial | 04/11/2025 08:08
Apesar da recomendação de eutanásia após um atropelamento, Márcia Maria do Nascimento, de 63 anos, não desistiu do companheiro de quatro patas. Com 12 anos, Juca, um vira-lata nascido em 23 de maio de 2013, segue cheio de vida mesmo com as limitações físicas deixadas pelo acidente.
“Ele é uma missão para mim”, resume Márcia, que há mais de uma década divide com o cão uma história de amor, superação e companheirismo. Desde a infância, ela sempre teve afinidade com os animais, convivendo com cães, gatos e até papagaios. O vínculo com Juca começou logo após a morte de outro grande amigo, Pingo, que viveu por 11 anos.
“Eu estava triste, e uma amiga que tinha vários filhotes me ofereceu o Juca. Ele era o mais feinho, o mais pequenininho e quietinho. Veio pra casa e, desde então, vivemos todos os momentos juntos, os bons e os ruins”, conta Márcia.
Há cerca de cinco anos, pouco antes da pandemia, um acidente mudou a rotina da família. Ao abrir o portão de casa, Márcia viu o cachorro correr para a rua — algo que ele nunca fazia. “A rua é super tranquila, quase não passa carro, mas naquele dia uma motorista veio em alta velocidade e atropelou ele. Foi um desespero”, relembra.
Juca em diferentes momentos dos 12 anos de vida (Foto: Arquivo Pessoal)
O impacto foi tão grave que Juca precisou passar por cirurgia na coluna e meses de fisioterapia aquática. Mesmo assim, o prognóstico médico não era otimista. “O médico disse que ele não tinha mais jeito, que não voltaria a andar. Chegaram a recomendar a eutanásia, mas eu jamais faria isso. Como você cria um filho e depois decide que vai acabar com a vida dele? Não pode”, afirma.
Foram três meses de luta até o diagnóstico definitivo: Juca ficaria com sequelas permanentes, mas poderia manter uma vida com qualidade. Desde então, ele toma medicamentos controlados e faz caminhadas diárias com ajuda da tutora.
“Ele é um cachorrinho com deficiência, usa fralda, tem cadeirinha de rodas e precisa de cuidados o tempo todo. Mas ele é muito ativo, bravo, esperto. Velhinho, mas danado”, brinca Márcia.
A rotina da casa gira em torno dos cuidados com o pet. As trocas de fraldas acontecem três vezes por dia, sempre acompanhadas de limpeza e pomada para evitar assaduras. As viagens exigem planejamento e, quando necessário, o cão fica em uma clínica amiga ou sob os cuidados da filha de Márcia.
“Não é fácil. É trabalhoso e tem custo. Muita gente opta pela eutanásia por não querer assumir tudo isso, mas penso que ninguém tem direito de tirar a vida de ninguém. Eu acredito que o Juca é uma missão pra mim, e eu tô bem com isso”, diz.
Hoje, Juca divide o lar com Kika, uma gata de 15 anos. Para Márcia, os dois são parte essencial da família. “O Juca representa amor, companheirismo e bondade. Ele me ensina todos os dias que vale a pena insistir”, resume.
Apesar de todas as dificuldades, Márcia garante que ver o cãozinho feliz é a maior recompensa. “Ele não anda mais como antes, mas vive feliz. E é isso o que importa”, conclui. Com informações: Campo Grande News
