Preços do café e do cacau recuam após sinalização de alívio tarifário dos EUA

Os preços globais do café e do cacau registraram queda nesta sexta-feira (14), após uma autoridade sênior dos Estados Unidos afirmar que o governo Trump pretende remover tarifas sobre alguns alimentos e outras importações provenientes da Argentina, Equador, Guatemala e El Salvador, conforme um pré-acordo em discussão.

O entendimento preliminar manteria a tarifa de 10% sobre a maior parte das mercadorias de El Salvador, Guatemala e Argentina, e de 15% sobre produtos do Equador. No entanto, itens não cultivados nos EUA, como café e cacau, seriam isentos das taxas.

Paralelamente, autoridades norte-americanas seguem em negociações “bastante construtivas” com outros países da América Central e do Sul. Conversas comerciais com Suíça e Taiwan nesta quinta-feira (13) também foram consideradas positivas, segundo o relato da autoridade.

Por volta das 10h15 (horário de Brasília), os futuros do café arábica na ICE caíam quase 3%, negociados a US$ 3,638 por libra-peso. O café robusta recuava mais de 4%, para US$ 4.155 por tonelada métrica. Já os contratos de cacau em Londres recuavam 2,5%, cotados a 4.026 libras por tonelada.

Um operador independente de cacau afirmou à Reuters que os contratos negociados em Nova York incorporam um prêmio em relação a Londres para compensar tarifas, o que levou a quedas mais expressivas após as notícias. Em Nova York, o cacau recuou cerca de 5%.

No mercado de café, operadores destacaram que ainda não há sinalização de acordo envolvendo o Brasil, responsável por quase metade da produção global de arábica e fornecedor de cerca de um terço dos grãos consumidos nos EUA. Atualmente, o país enfrenta tarifa de 50% sobre os embarques destinados ao mercado norte-americano.

Segundo um negociante, “o Brasil é o que importa”, reforçando que o avanço das tratativas pode estar sendo modulado pela expectativa em torno de uma decisão da Suprema Corte dos EUA sobre a legalidade das tarifas e pela crescente inquietação interna com o governo Trump.

O tema das tarifas voltou ao centro do debate político após vitórias democratas recentes em Nova Jersey, Nova York e Virgínia, interpretadas como reflexo da preocupação dos eleitores com a alta nos preços, pressionados em parte pelas taxações impostas a diversos países. Em setembro, o café torrado e moído nos supermercados norte-americanos acumulou alta de 41% em relação ao ano anterior. Com informações: Forbes